O ex-vice presidente da Parpública, Carlos Durães, admitiu no Parlamento que os gestores e administradores da empresa cumprem, na maior parte dos casos, instruções dos sucessivos governos.
Nos 10 anos em que esteve na Parpública foi administrador, presidente e vice-presidente da empresa que gere as participações do Estado. Acompanhou e assinou os negócios que mudaram a vida da TAP: a privatização em 2015, a recompra em 2017 e a nacionalização em 2020.
“O envolvimento do Governo, neste tipo de operações, é total, foi em 2020, 2017, 2015 portanto há um padrão. Isso eu posso testemunhar. Quase diria que a Parpública se desloca para o Terreiro do Paço”, explicou.
Foram sucessivos governos do PSD ao PS, muitas instruções recebidas e negócios assinados, mas o episódio que surpreendeu mais o ex-gestor foi em junho de 2020: Miguel Cruz, na altura presidente da Parpública, saiu para a secretaria de Estado do Tesouro, passando assim, Carlos Durães a presidir a empresa estatal.
"Foi com surpresa que vi a delegação de competências do Dr. Miguel Cruz, que tinha acabado de sair da presidência da Parpública, tutelar a Parpública”, referiu.
Carlos Durães foi deixado às escuras sobre a nacionalização da companhia aérea, uma operação que, ainda, teve de assinar horas antes do final do mandato da Parpública.