TAP: o futuro e as polémicas

Frederico Pinheiro acusa Governo de revelar informações pessoais aos media

Algumas das acusações feitas pelo ex-adjunto de Galamba passam pela “máquina de propaganda” do Governo que o impediu de comunicar, aceder a documentos de trabalho e, até, revelar locais onde familiares seus frequentam.

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Frederico Pinheiro, ex-adjunto de João Galamba, acusou esta quarta-feira o Governo de usar a sua “máquina de propaganda” para montar uma narrativa “falsa” contra si e com a ajuda de assessores de vários gabinetes para o “injuriar”.

Na audição da comissão de inquérito à TAP, Frederico Pinheiro foi ouvido durante longas horas e uma das acusações principais que fez dizem respeito à “poderosa máquina de comunicação do Governo” que criou uma narrativa “mentirosa” contra o ex-adjunto.

Quando perguntado sobre de que forma é que a “máquina de propaganda” agiu, o ex-adjunto listou um conjunto de acontecimentos montados pelo Governo.

“No dia 26 [de abril] fui ameaçado pelos Serviços de Informação de Segurança. No dia 27, fui contactado à porta de casa pela Polícia Judiciária. Nos dias seguintes, fui injuriado e difamado pelo primeiro-ministro e pelo Ministro das Infraestruturas”, explicou.

Na comissão, Frederico Pinheiro revelou ter-se sentido intimidado pelo SIS que estava meramente a receber ordens “de cima” para recolher um computador que detinha as notas sobre as reuniões do ministério com a ex-CEO da TAP.

“Fui alvo de uma campanha governamental que procurou montar uma narrativa falsa e mentirosa, com a ajuda de vários assessores diferentes, gabinetes e com a ajuda dos contactos diretos do próprio ministro das Infraestruturas, junto de jornalistas e de comentadores”, revelou.

Para além disso, o ex-adjunto detalha que lhe cortaram os acessos às comunicações do seu número de telemóvel durante duas semanas, retiraram de imediato o acesso ao seu e-mail de trabalho, não responderam ao pedido de acesso ao arquivo da sua informação de trabalho.

Para culminar, Frederico Pinheiro revela que o próprio Governo e seus assessores chegaram a divulgar informação pessoal sobre a sua família aos órgãos de comunicação social.

“O Governo e os seus assessores chegaram ao ponto de indicar a determinados órgãos de informação social a piscina pública onde eu levo os meus filhos às aulas”, concluiu.

Esta quinta-feira, a comissão parlamentar de inquérito recebe João Galamba que irá dar a sua versão dos acontecimentos, que já esclareceu brevemente numa conferência de imprensa no fim de abril.