O ex-secretário de Estado do Tesouro Miguel Cruz explicou, na comissão parlamentar de inquérito à TAP, o valor pago ao antigo acionista da companhia aérea, David Neeleman, para deixar a empresa.
“Os 55 milhões de euros não são aleatórios. Há um referencial máximo e a nossa intenção – ou a intenção do Estado – era ir para o referencial mínimo. De resto, ele [o valor] foi objeto de uma negociação direta entre as partes”, disse Miguel Cruz aos deputados.
E acrescentou: “A única coisa que eu não posso concordar é que os 224 milhões de euros das prestações acessórias fossem o referencial máximo. Porque estamos todos de acordo que, em situação extraordinária, obviamente o valor tinha de ser inferior.”
Miguel Cruz foi secretário de Estado do Tesouro, com a tutela financeira da TAP, entre junho de 2020 e março de 2022, cargo que assumiu após deixar a presidência da Parpública, sociedade gestora de participações sociais do Estado como, por exemplo, na companhia aérea.
O ex-governante estava no cargo há pouco tempo quando, juntamente com os então ministros das Finanças, João Leão, e das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, foi anunciado, em conferência de imprensa, o regresso da companhia aérea ao controlo do Estado, na sequência das dificuldades causadas pela pandemia de covid-19 e após cinco anos de gestão privada.
Foi também durante o mandato de Miguel Cruz que foi preparado e aprovado o plano de reestruturação da TAP, que implicou despedimentos e cortes salariais que ainda estão a ser aplicados.