Tragédia em Pedrógão Grande

Estado gasta anualmente 40 milhões de euros com o SIRESP

A ministra da Administração Interna Constança Urbano de Sousa disse esta quarta-feira que o Estado gasta por ano 40 milhões de euros com o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP).

Estado gasta anualmente 40 milhões de euros com o SIRESP
MIGUEL A. LOPES

Na comissão parlamentar Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a ministra adiantou que o SIRESP é um "sistema de comunicações seguro", não só para os agentes da proteção civil, como também para os polícias, sublinhando que "não é apenas para situações de emergência", mas "para o dia-a-dia".

Constança Urbano de Sousa disse também que "é evidente que houve falhas nas comunicações" do incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande.

Na comissão, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, anunciou que as quatro unidades móveis do SIRESP vão passar a estar pré-posicionadas por todo o país para poderem "acorrer a qualquer incidente de forma rápida e eficiente".

Jorge Gomes referia-se às duas unidades móveis que estão na PSP e na GNR e às outras duas da Autoridade Nacional de Proteção de Civil que vão passar a estar ligadas por satélite.

Uma das recomendações da entidade que gere o SIRESP, sugerida no relatório divulgado na terça-feira, era a maior utilização das duas estações móveis "nestas situações críticas e uma melhor gestão da sua localização", designadamente a pré-deslocação de uma estação para o norte do país e de outra para o sul, antes do período de incêndios.

Jorge Gomes adiantou que a rede SIRESP cobre quase a totalidade do território nacional e avançou que vão ser instaladas quatro estações nas chamadas zonas sombra.

"A cobertura de rede é muito boa, a rede SIRESP tem constrangimentos como qualquer outro rede, mas estamos a falar de uma rede específica. Quando as outras falham esta tem que sobreviver", disse.

Segundo Jorge Gomes, um dos constrangimentos da rede é quando as estações entram em modo local, ou seja, quando deixam de comunicar para o exterior.

"Num incêndio como este, em que tínhamos cinco concelhos a arder, a comunicação entre os vários postos de comando quase que não era possível pela via SIRESP", afirmou, sublinhando que esteve a funcionar o sistema de operações dos bombeiros voluntários.

O secretário de Estado disse também que, durante o incêndio de Pedrogão Grande, "não ardeu nenhuma estação da rede SIRESP".

Os incêndios que deflagraram na região Centro, no dia 17, provocaram 64 mortos e mais de 250 feridos, e só foram dados como extintos no sábado.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

A área destruída por estes incêndios - iniciados em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e em Góis, no distrito de Coimbra - corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.

Lusa