O coordenador da extinta task force responsável pela vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, considerou que a existir "um rosto" para a terceira dose da vacina ele deve vir de dentro do Ministério da Saúde. O vice-almirante foi recebido como no segundo dia da Web Summit como um herói.
Gouveia e Melo, questionado se teria feito algo diferente na organização da vacinação, respondeu que "há sempre coisas que podemos fazer melhor ou de uma forma diferente".
Em declarações à margem de uma sessão de perguntas e respostas na cimeira tecnológica Web Summit, em Lisboa, o vice-almirante evitou fazer comentários sobre o rumo da terceira fase de vacinação, em que Portugal apresenta ainda números reduzidos de cobertura vacinal, depois do sucesso no processo de administração das duas doses previstas no esquema vacinal de três das quatro vacinas autorizadas.
"Vou escusar-me a fazer comentários sobre isso. Estive encarregue de um processo e como militar só falo sobre o que me encarregaram; fora disso, já entramos num campo que não é só de realização do meu trabalho e de considerações até do foro político", começou por dizer.
Questionado sobre o peso que a ausência de um rosto identificável à frente do processo - à imagem do que sucedeu no seu caso entre fevereiro e setembro de 2021 - pode ter na adesão dos grupos da população já elegíveis para a toma da terceira dose da vacina, Gouveia e Melo atirou esse papel para a tutela governativa da Saúde.
"Esse rosto deve ser encontrado dentro do Ministério da Saúde, porque o processo é conduzido pelo Ministério da Saúde, como deve ser conduzido", assinalou.
Muito procurado por estrangeiros para explicar as razões por detrás do processo nacional de vacinação contra a covid-19, o vice-almirante vincou não haver segredos e passar somente a sua experiência pessoal, mostrando dificuldades em ver uma exportação do modelo português de resposta à pandemia com a vacinação.
"Todos os modelos militares de gestão de crises são muito parecidos. Não sei dizer se é exportável... em termos genéricos é exportável, porque a liderança militar tem características próprias para trabalhar na incerteza, muito focada e com uma organização vocacionada para a ação, mas as pessoas também contam. Tive a sorte de ter um grupo fantástico comigo e isso ajudou-me imenso", concluiu.
O vice-almirante Gouveia e Melo confessou que está no radar a ideia de um livro para dar a conhecer as estratégias aplicadas durante o processo de vacinação contra a covid-19.
VEJA TAMBÉM:
- Os números da vacinação em Portugal e no Mundo
- Covid-19: Bastonário diz ser um erro não estar a ser pensado reforço da vacinação dos médicos
- “É preciso cuidar do Serviço Nacional de Saúde”
- "Temos de acelerar a toma da terceira dose da vacinação" da covid-19
- Covid-19: vacinas oferecem maior proteção do que infeção anterior