Violência em Moçambique

Relatos de sequestros, mortes e desordem: mais um dia de protestos em Moçambique

Moçambique está a viver sucessivos dias de horror desde o anuncio dos resultados das recentes eleições. Esta quinta-feira ficou marcada por troca de tiros, vandalismo e pilhagens. Haverá dezenas de vítimas mortais e centenas de feridos.

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É o culminar de sucessivos dias de protesto. Venâncio Mondlane não aceita a derrota das eleições que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pla Frelimo, há 50 anos no poder e desafiou a população a manifestar-se na capital.

Desde o anúncio dos resultados eleitorais, que Maputo tem vivido contestação e esta quinta-feira não foi diferente No 8.º dia de greve geral e de protestos a violência escalou.

"Nós estamos cansado, foram 50 anos de miséria, nós estamos cansados. Já chega, a hora já chegou", exclamou um dos manifestantes.

Nas ruas ouvem-se constantemente disparos e explosões e já há famílias a fugir da capital. Ao final do dia, o cenário era já só de destruição. Calcula-se que possa haver dezenas de mortos, mas não há números oficiais nem dos mortos, nem dos detidos e feridos.

Durante o dia, os manifestantes invadiram os pontos centrais da cidade, incendiaram pneus e carros e atiraram pedras e garrafas contra as autoridades. Foi a resposta dada depois da polícia ter lançado gás lacrimogéneo para dispersar as centenas de pessoas que, durante a manhã, caminhavam em direção a Maputo para se manifestarem.

No centro da cidade, invadiram e assaltaram lojas. Roubaram, sobretudo, televisões e telemóveis. O Governo moçambicano já tinha avisado que se os protestos continuassem, as tropas sairiam em força à rua.

As autoridades pedem calma, mas os manifestantes não parecem convencidos. Do plano para esta quinta-feira fazia também parte chegarem ao Palácio Presidencial, mas a polícia travou o avanço.

A Amnistia Internacional veio pedir o fim da violência em Moçambique. Apela ao Governo para que acabe com a repressão violenta e generalizada e critica a forma como as forças de segurança têm tentado dispersar as multidões.