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Breivik recusa dar pormenores sobre organização a que alega pertencer

Anders Behring Breivik recusou hoje dar pormenores sobre o grupo radical anti-muçulmano a que alegou pertencer, no terceiro dia do julgamento pelo assassínio de 77 pessoas, em julho, na Noruega.

© Fabrizio Bensch / Reuters

Na audiência, os procuradores disseram acreditar que o chamado grupo  dos "Cavaleiros do Templo" não existe "da forma como ele o descreve". Breivik  insistiu que sim e disse que a polícia foi incapaz de o descobrir. 

"Não é do meu interesse revelar pormenores que podem levar a detenções",  disse. 

A questão é importante para avaliar a sanidade mental de Breivik, de  que vai depender a condenação a pena de prisão ou a internamento psiquiátrico  pelo massacre que chocou a Noruega a 22 de julho. 

Breivik alegou ter realizado os ataques em nome daquela organização,  descrita num manifesto de 1.500 páginas que colocou na internet antes dos  ataques, como um grupo nacionalista em luta contra a colonização muçulmana  da Europa. 

A procuradora Inga Bejer Engh pressionou o acusado a dar pormenores  sobre o grupo, membros e reuniões. Breivik afirmou ter conhecido um "herói  de guerra" sérvio exilado numa viagem à Libéria, em 2002, mas recusou identificá-lo,  e acusou os procuradores de quererem pôr em dúvida a existência dos "Cavaleiros  do Templo". 

O principal argumento da sua defesa é evitar uma decisão de insanidade,  para fazer valer o seu discurso político extremista. 

Uma avaliação psiquiátrica considerou-o psicótico no momento dos ataques,  mas uma outra concluiu o contrário, cabendo agora ao tribunal decidir se  Breivik é criminalmente responsável. 

Se for considerado responsável, Breivik pode ser condenado a uma pena  de prisão máxima de 21 anos ou a uma pena alternativa de retenção de segurança,  segundo a qual permanecerá detido enquanto for considerado uma ameaça. Se  for considerado inimputável, será condenado a internamento psiquiátrico  enquanto for considerado doente.   

Breivik também recusou dar pormenores sobre o que afirmou ter sido a  reunião fundadora dos "Cavaleiros do Templo", em Londres, em 2002. Admitiu  ter exagerado no manifesto ao descrever os outros três membros presentes  como "brilhantes estrategas políticos e militares europeus" e corrigiu-se,  afirmando serem "pessoas de grande integridade". 

Questionado pela procuradora se a reunião alguma vez se realizou ou  foi inventada por ele, Breivik afirmou que a reunião foi feita e que não  inventou nada, mas, noutro passo, afirmou que "nada é inventado, mas tudo  tem de ser visto como tendo sido escrito num contexto de glorificação de  certos ideiais". 

Anders Behring Breivik está desde segunda-feira a ser julgado pelo ataque  à bomba contra a sede do Governo norueguês e o tiroteio na ilha de Utoya,  perto de Oslo, a 22 de julho do ano passado. 

Os dois ataques causaram 77 mortos, principalmente jovens que participavam  num acampamento da Juventude Trabalhista, na ilha de Utoya.