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Governo indiano vai publicar nomes, fotografias e moradas de violadores de jovem estudante

O Governo indiano comunicou hoje que vão ser publicados, na página oficial da polícia, os nomes, as fotografias e as moradas dos seis violadores de uma jovem estudante indiana.

O primeiro-ministro indiano reconhece que as mulheres estão a ser tratadas de forma desigual e injusta no país (Reuters/Arquivo)
© Ajay Verma / Reuters

Com o declarado objetivo de condenar e humilhar publicamente os violadores, a divulgação dos dados pessoais insere-se nas medidas de combate à crescente violência contra as mulheres na Índia. 

Ratanjit Singh, responsável governamental da área da Administração Interna, adiantou que a campanha vai começar na capital, Nova Deli, onde, a 16 de dezembro, um grupo de homens alcoolizados que seguia num autocarro violou e espancou brutalmente uma jovem estudante de 23 anos, que depois atirou do veículo. 

A jovem, de que se desconhece a identidade, sofreu múltiplos ferimentos na sequência da violação e do espancamento com barra de ferro e continua em estado crítico, tendo sido transferida para um hospital de Singapura, após três intervenções cirúrgicas na Índia. 

O caso está a gerar uma onda de protestos de que não há memória. Algumas das manifestações têm degenerado em violência, havendo mesmo vítimas mortais a registar. 

A tensão política em torno do caso também está a aumentar, com figuras de destaque a fazerem declarações infelizes.  

Um dos filhos do Presidente indiano, Abhijit Mukherjee, descreveu as mulheres que se manifestavam contra a violência como "maquilhadas e de dentes bem tratados", de acordo com a página do jornal The Times of India. Foi posteriormente obrigado a pedir desculpas. 

"Estamos a lidar com o problema de forma séria e a adotar todas as ações possíveis o mais cedo possível", garantiu o responsável governamental Ratanjit Singh. 

Os nomes, as fotografias e as moradas dos seis violadores serão divulgadas na página da polícia de Nova Deli, (em http://www.delhipolice.nic.in) e o departamento contra o crime está a preparar um diretório de violadores condenados, que incluirá igualmente os respetivos dados pessoais, na página oficial (http://ncrb.nic.in). 

Estes anúncios aconteceram horas depois de o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, ter reconhecido que as mulheres estão a ser tratadas de forma desigual e injusta no país e ter assegurado que a sua segurança é uma prioridade. 

O chefe do Governo prometeu ainda rever as leis contra a violação, crime a que atualmente corresponde uma pena máxima de dez anos de prisão. 

De acordo com o jornal Financial Times, a Índia tem uma baixa taxa de condenação por violação. Em 2011, registaram-se 24 mil casos, mas apenas 26 por cento dos acusados foram condenados. 

Por outro lado, referiu o mesmo jornal, muitos casos não chegam a ser reportados, já que a polícia costuma desaconselhar as mulheres a apresentarem queixa. 

Na quarta-feira, as autoridades indianas abriram um inquérito à violação cometida pelos seis homens, entretanto detidos. Quatro violações semelhantes registaram-se em Nova Deli desde agosto. 

Lusa