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Atribuição de prémio de jornalismo a Hugo Chávez gera polémica na Venezuela

A atribuição do Prémio Nacional de Jornalismo ao falecido presidente venezuelano Hugo Chávez está a gerar polémica, com o grémio de jornalistas da Venezuela a questionar a distinção feita a alguém que não foi profissional da comunicação social.

© Jorge Silva / Reuters

O prémio será entregue aos familiares de Hugo Chávez a 27 de junho,  Dia Nacional do Jornalista na Venezuela, e foi concedido ao falecido chefe  de Estado, segundo a Fundação Prémio Nacional de Jornalismo, pelo "seu papel  contra a mentira e a manipulação mediática" e pelo "impulso que deu aos  meios públicos e populares do país, durante a sua gestão de governo". 

Entre as vozes discordantes está a do Colégio Nacional de Jornalistas  (CNP), que é responsável pela atribuição da carteira profissional na Venezuela,  que emitiu um comunicado, condenando a atribuição do prémio por "contradizer  de maneira explícita os preceitos contidos na Lei de Exercício do Jornalismo",  que estabelece que os reconhecimentos devem ser outorgados a profissionais  da comunicação social inscritos naquele organismo. 

"Condenamos que o galardão extraordinário do Prémio Nacional de Jornalismo  Simón Bolívar 2013 seja outorgado ao falecido presidente Hugo Chávez, que  foi responsável pelo encerramento de inúmeros meios de comunicação durante  a sua gestão governamental (Rádio Caracas Televisão e 33 emissoras de rádio),  deixando sem trabalho dezenas de colegas", explica um comunicado do CNP.

Segundo aquele organismo, "em mais de uma ocasião o defunto chefe de  Estado submeteu ao escárnio público jornalistas que, cumprindo o dever de  informar de maneira oportuna e verdadeira, formularam perguntas incómodas  ao mandatário". 

O Prémio Nacional de Jornalismo é entregue anualmente há 50 anos. 

A polémica atribuição do prémio foi anunciada depois de opositores do  governo venezuelano questionarem a venda da estação privada de televisão  Globovisión a um grupo de empresários tidos como afetos ao regime chavista,  iniciando uma mudança da linha editorial. 

O anúncio surgiu também poucos dias depois de um grupo bancário comprar  o consórcio Cadena Capriles, proprietário de vários jornais e revistas,  entre eles o diário de maior tiragem do país, Últimas Notícias, que às quintas-feiras  publica um espaço dedicado a Portugal e à comunidade portuguesa radicada  no país. 

A oposição acusa o governo de comprar órgãos de comunicação social para  implementar uma linha de pensamento único no país.