O número de imigrantes que chegaram ilegalmente ao território europeu diminuiu 49% em 2012 face ao ano anterior, tendo o total das chegadas ficado, pela primeira vez, abaixo dos cem mil desde 2008, segundo refere o mais recente relatório da agência europeia para a segurança das fronteiras limítrofes da UE, a Frontex.
Enquanto em 2011 um total de 141.051 imigrantes foram detetados a tentar entrar ilegalmente em território europeu pelas fronteiras externas da EU, esse número diminuiu para 72.437 em 2012, refere a mesa fonte. Contudo, e apesar da aparente descida, o drama humanitário da imigração clandestina continua, tal como foi lembrado pelo papa Francisco, que hoje visitou a ilha italiana de Lampedusa para mostrar ao mundo a realidade daqueles que diariamente arriscam -- e perdem - as suas vidas na tentativa de chegar (por mar e terra) à Europa.
Lampedusa, como também já o foram as ilhas Canárias (Espanha), continua a ser um símbolo do desespero de milhares de imigrantes clandestinos que procuram alcançar o "El Dorado" europeu.
Quase oito mil imigrantes em situação irregular chegaram às costas de Itália só nos primeiros seis meses de 2013, segundo revelou na semana passada o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR). Contudo, os dados da Frontex revelam que a grande parte das tentativas de entrada clandestina na UE ocorrem por outras rotas, tais como a do Mediterrâneo Este, e que a Grécia, Turquia, Bulgária e Chipre se tornaram importantes portas de entrada para a imigração ilegal.
Nas oito rotas categorizadas pela agência Frontex, apenas três viram o número de deteções aumentar em 2012. A rota do Mediterrâneo Oriental, utilizada pelos imigrantes vindos do norte de África, para o sul de Espanha, foi das que registaram uma maior queda, com um decréscimo de quase 25 por cento face a 2011.
Como uma das principais razões para descida total das entradas ilegais na EU durante 2012, a Frontex destaca a operação "Aspida" ("escudo", em português), que foi levada a cabo pelas autoridades gregas junto à fronteira com a Turquia.
A operação envolveu um reforço de 1.800 agentes, levando a que o número de pessoas que por semana tentavam entrar de forma ilegal na Grécia baixasse de 2.000 para dez. A segunda razão, aponta o relatório, prende-se com a quebra dos fluxos migratórios provenientes de vários países árabes durante 2012.
A Frontex lembra que, em 2011, a rota marítima do Mediterrâneo Central para a UE foi marcada pelos fortes fluxos migratórios provenientes da Líbia e da Tunísia, como resultado das revoltas da "Primavera Árabe".
Esse fluxos caíram em finais de 2011, mas voltaram a aumentar de forma constante, ao longo de 2012. Contudo, durante 2012 apenas foram registadas 10.379 entradas ilegais por essa rota, uma diminuição de 82 por cento relativamente a 2011 (um total de 59.000 entradas).
Lusa