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Eurodeputados escrevem a Obama exigindo libertação de Bradley Manning 

As eurodeputadas portuguesas Ana Gomes, Alda  Sousa e Marisa Matias escreveram, juntamente com outros 14 eurodeputados,  uma carta aberta endereçada ao Presidente norte-americano, Barack Obama, exigindo a libertação de Bradley Manning. 

© Gary Cameron / Reuters

O soldado norte-americano de 25 anos, que entregou ao portal WikiLeaks  documentos militares que contêm provas de abusos dos direitos humanos e  eventuais crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão, foi hoje julgado  e considerado culpado pela justiça militar de violar a Lei de Espionagem  - embora não de "ajuda ao inimigo", outra das 21 acusações que sobre ele recaíam. 

Na carta, anterior ao veredicto hoje conhecido, os eurodeputados defendiam  a libertação de Manning, argumentando que "condenar uma pessoa que divulgou  informação aos 'media' de 'ajudar o inimigo' criaria um terrível precedente".

"Embora compreendamos que o governo norte-americano não está a pedir  a pena de morte para Bradley Manning, nada há que impeça que isso aconteça  em futuros casos", sustentam, acrescentando que "de qualquer maneira, o  soldado Manning enfrenta a possibilidade de prisão perpétua sem possibilidade  de liberdade condicional, recentemente rejeitada como 'tratamento desumano  e degradante' pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos". 

Os eurodeputados sublinham igualmente que "mais do que causar danos,  a entrega de documentos por Bradley Manning ao WikiLeaks sobre as guerras  no Iraque e no Afeganistão fez uma muito necessária luz sobre essas ocupações,  revelando, entre outros abusos, uma rotina de assassínio de civis", o que,  prosseguem, "contrasta enormemente com os relatórios de progresso fornecidos  ao público por líderes militares e políticos".  

Para os 17 eurodeputados signatários da missiva, "a ação corajosa de Bradley Manning, pela qual já foi três vezes nomeado para o Prémio Nobel  da Paz, foi uma inspiração para outros, incluindo Edward Snowden, que recentemente  divulgou informação sobre vigilância em larga escala do governo norte-americano  nos Estados Unidos e também de governos e cidadãos europeus. 

"Estamos preocupados com o facto de a guerra do governo norte-americano  aos autores de fugas de informação como Edward Snowden e Bradley Manning  poder ser impeditivo para o processo da democracia tanto nos Estados Unidos  como na Europa", escreveram. 

"Instamos-vos a porem termo à perseguição de Bradley Manning, um jovem  que está preso há mais de três anos, incluindo dez meses na solitária, em  condições que o relator especial da ONU para a tortura, Juan Mendez, considerou  'cruéis e abusivas'", frisaram. 

"Bradley Manning já sofreu demasiado e deverá ser libertado tão cedo  quanto humanamente possível", concluem. 

Além das três representantes portuguesas, assinam a carta os eurodeputados:  Christian Engstrm e Mikael Gustafsson (Suécia), Gabi Zimmer, Sabine Wils,  Sabine Lsing, Lothar Bisky e Helmut Scholz (Alemanha), Paul Murphy e Martina  Anderson (Irlanda), Jacky Henin, Marie-Christine Vergiat e Patrick Le Hyaric  (França), Willy Meyer (Espanha) e Nikola Vuljanic (Croácia). 

Nos termos do veredicto hoje lido pela juíza Denise Lind, Bradley Manning  incorre numa pena de 154 anos de prisão, depois de ter sido considerado  culpado de várias acusações relacionadas com a violação da legislação sobre  espionagem. 

A sentença será conhecida nos próximos dias. 

 

     

Lusa