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Super-heroína de burqa do Paquistão pode chegar à  Europa 

Um nova série de desenhos animados  do Paquistão, com uma super-heroína que combate "os maus", disfarçada com  uma burqa preta, poderá ser distribuída em 60 países, disse o seu criador,  Haroon Rashid, à agência France Presse. 

"Burka Avenger" ("A Vingadora de Burqa"), a primeira série televisiva  de animação tridimensional da história do Paquistão, tem 13 episódios e  está a ser transmitida semanalmente desde 28 de julho, no canal privado  GEO Teez. 

A animação em língua urdu, mostrando as aventuras de uma bem-educada  professora que usa os seus superpoderes para lutar contra os que tentam  encerrar a escola de raparigas em que trabalha, atraiu a atenção também  no estrangeiro. 

"A reação foi fenomenal, muito além do que esperávamos. Esta série de  animação estava destinada ao Paquistão, mas parece que o mundo inteiro quer  saber mais sobre 'Burka Avenger'", disse Haroon Rashid. 

"Fomos contactados por um distribuidor na Europa que quer traduzir 'Burka  Avenger' em 18 línguas e difundir a série em 60 países", adiantou à AFP  o cantor de 40 anos. 

Na cidade fictícia de Halwapur, a professora Jiya, uma órfã com conhecimentos  da arte marcial "takht kabaddi", transforma-se numa espécie de Supermulher  de burqa, para combater "a ignorância e a tirania", representadas por Baba  Bandook, um "falso mágico" barbudo e com um turbante, e Vadero Pajero, um  político corrupto que desvia dinheiro destinado à construção de escolas.

A série de ação para crianças tem um tema de grande atualidade no Paquistão,  país muçulmano onde mais de metade das raparigas não está inscrita na escola.  No noroeste, os militantes talibãs têm impedido milhares de raparigas de  irem à escola e têm atacado ativistas que defendem a sua educação. 

Foi este o caso da jovem ativista Malala Yousafzai, que sobreviveu em  outubro a um ataque dos talibãs. "Burka Avenger" parece seguir a história  e luta de Malala em defesa da educação das raparigas, embora os criadores  não conhecessem a adolescente quando conceberam a série. 

No Paquistão, a série foi criticada pelas feministas, que não gostaram  de ver uma burqa "dar poder" às mulheres, mas também pelos islamitas, para  quem é errada a ideia de "brincar" com aquela peça de vestuário que cobre  a mulher da cabeça aos pés, deixando apenas ver os olhos. 

 

     

 

    PAL // MAG 

 

    Lusa/Fim 

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