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Al-Qaeda faz 25 anos de vida amanhã

A Al-Qaeda nasceu a 11 de agosto de 1988, há  25 anos, numa reunião dirigida por Bin Laden em Peshawar, Paquistão, uma data que se baseia em documentos apreendidos na Bósnia em 2002, mas que não é consensual entre estudiosos. 

(Reuters)
© Naseer Ahmed / Reuters

Na reunião, Osama Bin Laden discute o estabelecimento de um grupo militarizado, cujo nome seria "Al-Qaeda Al-Askariya" ("A base militar"). 

Entre os presentes estavam o egípcio Ayman al-Zawahiri, "número dois" da rede que subiu a líder depois da morte de Bin Laden, e um norte-americano, Mohamed Loay Bayazid, descrito como a pessoa que tomou notas durante a reunião, mas que negou sempre ter estado presente. 

Os documentos, apreendidos nas buscas a uma organização de Sarajevo suspeita de financiar a Al-Qaida, nunca foram divulgados, mas o conteúdo foi descrito à imprensa durante o julgamento, em 2003 na Bósnia, do presidente daquela organização. 

Segundo o FBI, foi só cinco anos depois, em 1993, que um informador referiu pela primeira vez a existência da Al-Qaida enquanto milícia multinacional de inspiração sunita, defensora de uma interpretação literal da lei islâmica.  

Ali Mohamed, um agente duplo, disse ter falado com Bin Laden e que este estava a "construir um exército", treinando militantes radicais no Sudão e no Afeganistão, para derrubar o governo saudita. 

 A maioria dos especialistas situa a criação da Al-Qaeda entre 1988 e finais de 1989, durante a luta dos mujahidines afegãos contra a ocupação soviética do Afeganistão. 

Para a opinião pública em geral, a Al-Qaeda tornou-se conhecida depois dos atentados de 11 de setembro de 2011 nos Estados Unidos (2.996 mortos), apesar de ter sido apontada como responsável pelos ataques de 1998 contra as embaixadas dos EUA no Quénia e na Tanzânia (220 mortos). 

O 11 de setembro desencadeou uma ofensiva ocidental contra o Afeganistão, refúgio e campo de treino da Al-Qaida, obrigando os seus dirigentes a fugir.

Muitos ficaram pelo Paquistão, onde Bin Laden foi morto em 2011 e onde se pensa que al-Zawahiri permanece, apoiado pelos talibãs, afegãos e paquistaneses, ou o grupo Lashkar-e-Taiba, que colaborou nos atentados de 2008 em Bombaim (174 mortos). 

Em 2003, ano da invasão do Iraque, surgiu o primeiro "ramo" da rede terrorista, a Al-Qaeda no Iraque, responsável por ataques contra as tropas estrangeiras e iraquianas e civis xiitas. 

Este ramo anunciou, em 2013, uma fusão com a fação radical islâmica que combate o regime de Bashar al-Assad na Síria, a Frente al-Nosra, no designado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). 

Outro "ramo", a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), nasceu em 2007, quando a organização armada argelina Grupo Salafista para a Prédica e o Combate (GSPC), sucessora do Grupo Islâmico Armado (GIA), jurou fidelidade a Bin Laden. 

Empurrada para sul pelo exército argelino, a AQMI estabeleceu-se no Sahel e, em 2012, participou na ocupação do norte do Mali para criar um Estado islâmico, pretensão travada por uma operação militar francesa em 2013.

Em 2009 surgiu a Al-Qeida na Península Arábica (AQPA), na origem do recente alerta dos Estados Unidos para o Norte de África e Médio Oriente, uma fusão entre dois grupos radicais da Arábia Saudita e do Iémen. 

Os Estados Unidos consideram-na a mais perigosa "filial" da Al-Qaida, mesmo não sendo a maior nem a mais ativa, porque é aparentemente a que tem mais capacidade operacional. 

Além destes, numerosos grupos combatem pelos ideais da Al-Qaida, como as milícias 'shebab' da Somália, o Boko Haram da Nigéria, a Jemaah Islamiah da Indonésia -- considerada responsável pelos atentados de Bali em 2002 (202 mortos) -- ou o Abu Sayyaf, do sul das Filipinas. 

Na Europa, a presença da rede terrorista parece menos estruturada e mais baseada em atos de indivíduos radicalizados, mas sem ligações diretas à Al-Qaeda. 

Partiram deles ataques como os atentados de 2004 em Madrid (191 mortos), os de 2005 em Londres (52 mortos), os assassínios de Toulouse de 2012 ou os recentes ataques isolados contra um militar em Londres e outro em Paris.  

 Lusa