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Soldado acusado de fornecer informações ao WikiLeaks condenado a 35 anos de prisão

O soldado norte-americano Bradley Manning, acusado de entregar documentos secretos ao portal Wikilieaks, foi hoje condenado a 35 anos de prisão e expulsão do exército por um tribunal militar.

Bradley Manning (Reuters/Arquivo)
© Jose Luis Magaua / Reuters

Manning, que era analista de dados no Iraque, foi julgado e considerado  culpado de violar leis sobre segurança nacional dos Estados Unidos, roubo  de informação governamental e abuso de funções, mas foi absolvido da acusação  de "ajuda ao inimigo". 

Após mais de dois meses de julgamento, a juíza militar Denise Lind deliberou  a expulsão do exército do jovem de 25 anos por "desonra", nomeadamente pelos  atos de espionagem, de fraude e pelo roubo de 700.000 documentos militares  e diplomáticos classificados, que foram transmitidos posteriormente ao portal  WikiLeaks, sítio na internet criado por Julian Assange.   

A juíza indicou que Manning, que não manifestou qualquer sentimento  durante a leitura da sentença, irá beneficiar de uma redução da pena em  1.293 dias, correspondente ao cumprimento de mais de três anos de prisão  preventiva, incluindo nove meses em regime de isolamento. 

A deliberação de hoje é a sentença mais pesada registada até à data  em matéria de transmissão de documentos confidenciais. 

A decisão do tribunal militar fica, no entanto, longe da pena mínima  de 60 anos de prisão exigida pelo procurador militar Joe Morrow na passada  segunda-feira, enquanto a defesa pedia que a pena não excedesse os 25 anos,  o período necessário para que os documentos divulgados passem à categoria  de desclassificados.  

O procurador militar pediu à juíza Denise Lind "para enviar uma mensagem  a qualquer soldado que tencione roubar informações classificadas".  

Segundo fontes ligadas a Bradley Manning, o advogado de defesa, David  Coombs, pretende fazer um apelo ao Presidente norte-americano Barack Obama  e pedir clemência para o jovem de 25 anos, que poderá também recorrer da  sentença. 

Para muitas pessoas, Manning é encarado como herói e apoiantes do jovem  entregaram recentemente no Instituto Nobel em Oslo uma petição que propõe  o seu nome para o Nobel da Paz.  

De acordo com os signatários da petição, a distinção do jovem norte-americano  poderia dissipar "a nuvem" que "paira sob o comité Nobel norueguês " depois da atribuição do prémio a Barack Obama,  em 2009, pouco tempo depois de ter assumido funções e de ter intensificado  os esforços norte-americanos na guerra no Afeganistão.   

"Ninguém fez mais para combater aquilo que Martin Luther King Junior  intitulou de 'loucura do militarismo' que Bradley Manning", explicou o texto  da petição, que conseguiu reunir mais de 103.000 assinaturas. 

Lusa