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Nações Unidas denunciam crimes de guerra e contra a humanidade na Síria

A comissão das Nações Unidas que investiga  os crimes contra os Direitos Humanos na Síria denunciou hoje "crimes contra  a humanidade" cometidos pelas forças governamentais e "crimes de guerra"  cometidos pela oposição armada. 

(Reuters/Arquivo)
© Mohamad Torokman / Reuters

"As forças governamentais continuam os ataques em larga escala contra  as populações civis, cometendo mortes, torturas, violações e desaparecimentos  forçados, considerados crimes contra a humanidade", adianta a comissão de  juristas no seu mais recente relatório divulgado hoje em Genebra. 

A comissão, liderada pelo jurista brasileiro Sérgio Pinheiro, denuncia  igualmente "as forças antigovernamentais que cometeram crimes de guerra,  mortes, execuções sumárias, torturas e sequestros". 

No relatório, relativo ao período de 15 de maio a 15 de julho, a comissão  menciona sem conseguir confirmar "alegações  1/8... 3/8 relativas à utilização  de armas químicas, principalmente pelas forças governamentais". 

"Baseado nos elementos de prova atualmente disponíveis, não foi possível  chegar a uma conclusão quanto aos agentes químicos utilizados, o seu sistema  de propagação ou os autores destes atos. As investigações prosseguem", afirma  o relatório. 

O relatório não analisa o período de agosto nem o alegado ataque químico  realizado a 21 de agosto nos arredores de Damasco, que é objeto de outra  investigação das Nações Unidas e que levou à ameaça de ataques militares  contra a Síria por parte dos Estados Unidos. 

O relatório adianta ainda que as forças governamentais do regime do  Presidente Bashar al-Assad recuperaram nos últimos meses o controlo de zonas  cruciais na Síria. 

"Com exceção de Alepo, as forças governamentais reforçaram o seu controlo  das grandes cidades e dos centros económicos importantes", assinala o documento  de 42 páginas. 

O regime sírio também conseguiu consolidar o seu domínio sobre áreas  em disputa como Homs e a zona rural da capital, Damasco, segundo a ONU.

A divulgação do relatório ocorre na véspera de uma reunião crucial entre  os responsáveis pela política externa dos Estados Unidos e da Rússia, em  Genebra, para tentar acordar a forma de colocar sob supervisão internacional  as armas químicas em posse do regime sírio. 

A guerra civil entre rebeldes e o regime do Presidente Bashar al-Assad  dura há mais de dois anos e já causou 110 mil mortos, quatro milhões de  deslocados e dois milhões de refugiados, segundo os mais recentes dados  da ONU. 

Lusa