"Podemos qualificar as condições de detenção como desumanas", afirmou um advogado da Greenpeace, Serguei Goloubok, durante uma conferência de imprensa em Murmansk (noroeste da Rússia).
Vários ativistas detidos "não têm acesso a água potável" e todos estão sob "uma videovigilância permanente" até na casa de banho, acrescentou o representante.
O "Arctic Sunrise", navio da organização não-governamental ecologista com pavilhão holandês, foi apresado no passado dia 19 de setembro por comandos da guarda costeira russa, depois de os ativistas da Greenpeace terem tentado escalar uma plataforma do gigante russo do gás Gazprom, no Mar de Barents (Ártico russo).
O navio seria depois rebocado até Murmansk e a tripulação, composta por 28 militantes da Greenpeace e dois jornalistas, foi colocada em prisão preventiva durante dois meses.
Na semana passada, os 30 membros da tripulação, dos quais 26 são cidadãos estrangeiros, foram acusados formalmente de "pirataria em grupo organizado".
Os elementos e colaboradores da organização não-governamental ecologista arriscam uma pena até 15 anos de prisão.
Alguns ativistas estão detidos em Apatity, a cerca de 190 quilómetros de Murmansk, e são transportados para as audiências no tribunal em "carrinhas celulares sem aquecimento", indicou o advogado.
"Nenhum está a receber cuidados médicos adequados", denunciou Serguei Goloubok.
Segundo o advogado, a maioria dos ativistas não fala russo, dificultando, por exemplo, o preenchimento de formulários para retirar dinheiro das respetivas contas bancárias ou um simples pedido aos guardas para abrir uma janela.
"Eles não podem falar com os familiares por telefone, porque têm de falar um idioma que os funcionários dos centros de detenção sejam capazes de perceber", acrescentou.
A tripulação do "Arctic Sunrise" integra elementos originários de 18 países diferentes, incluindo Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, Nova Zelândia, Holanda e França.
Lusa