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Procuradoria espanhola apoia libertação de etarra Inés del Rio

A Procuradoria espanhola apoiou hoje a libertação da etarra Inés del Rio, considerando que a sentença do Tribunal Europeu de anular a aplicação da 'doutrina Parot' "é clara" na medida que era uma "violação dos direitos humanos".

JESUS DIGES

A Procuradoria da Audiência Nacional espanhola reclama que seja colocada  em liberdade, no mais breve prazo possível, a etarra, já que considera que  a sentença não dá "nenhuma deliberação" que justifique o prolongamento da  pena, informaram fontes judiciais citadas pela agência de notícias espanhola  Efe. 

De acordo com esta informação, a sala do tribunal penal da Audiência  Nacional reuniu pelas 09:20 de hoje (menos uma hora em Lisboa), acolhendo  uma reunião extraordinária convocada na véspera para estudar a libertação  da etarra, que devia ter sido posta em liberdade a 02 de julho de 2008 e  que a "doutrina Parot" colocava em prisão até 2017. 

Inés del Rio, antiga membro do "comando Madrid" foi condenada a 3.828  anos de prisão por um total de 24 assassínios e atentados, como o da Praça  da República Dominicana em Madrid, em que morreram 12 agentes da Guarda  Civil. 

Na reunião, em que participaram 17 magistrados, a Audiência Nacional  só reviu o caso da antiga etarra, prevendo-se que a Audiência Nacional ordene  que esta seja libertada de imediato. 

Os advogados da detida etarra Inés del Rio asseguraram também hoje que  vão pedir a "imediata libertação" de 56 reclusos aos quais foi aplicada  retroativamente a "doutrina Parot". 

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos anulou segunda-feira  uma polémica  jurisprudência espanhola, conhecida como a 'doutrina Parot', que era utilizada  pelo sistema judicial espanhol para alargar a permanência na cadeia, entre  outros, de etarras. 

Conhecida por ter sido usada pela primeira vez pelo Tribunal Supremo  espanhol no caso do etarra Henri Parot, a doutrina obrigava a calcular a  redução de penas sobre o total da pena e não sobre o limite máximo de cumprimento  de 30 anos. 

Isso permitia em muito casos, tanto de etarras como de outros condenados,  a alargar a sua permanência nas cadeias espanholas. 

O caso de Inés del Rio não será o único que a Audiência Nacional irá  estudar depois da decisão do Tribunal de Estrasburgo conhecida segunda-feira,  uma vez que foi convocada uma reunião ordinária, na qual havia sido previsto  anteriormente serem estudados os casos de dois etarras a quem foi aplicada  a "doutrina Parot". 

Um dos dois primeiros recursos a ser estudado é o da etarra Josefa Mercedes  Ernaga, uma das responsáveis do atentado de Hipercor em 1987, em Barcelona,  que soma mais de 900 anos de condenação.