"Em sua honra, comprometemo-nos a continuar a construir uma nação baseada nos valores democráticos da dignidade humana, igualdade e liberdade. Unidos na nossa diversidade, continuaremos a lutar para construir uma nação livre da pobreza, da fome, da mendicidade e da desigualdade", disse Jacob Zuma no seu discurso da cerimónia fúnebre do primeiro presidente negro da África do Sul.
Alargou ainda o compromisso ao continente africano: "Como nação africana, liderados pela União Africana, continuaremos a trabalhar para alcançar o seu desejo de uma África melhor e de um mundo mais justo, pacífico e equitativo".
No final de um discurso de mais de 30 minutos, o presidente sul-africano, que começara por ser vaiado pelos milhares de sul-africanos presentes no estádio no estádio Cidade do Futebol, no Soweto, em Joanesburgo, anunciou que o anfiteatro da Union Buildings (residência oficial do presidente da África do Sul) passará a partir de hoje a chamar-se Anfiteatro Nelson Mandela.
"Tenho a honra de anunciar que o anfiteatro da Union Buildings, onde Madiba tomou posse em 1994 e onde o seu corpo ficará em câmara ardente, será, a partir de hoje, chamado Anfiteatro Nelson Mandela", disse Zuma.
"É um tributo justo para um homem que transformou o edifício, de um símbolo do racismo e da opressão, num símbolo de paz, união, democracia e progresso", acrescentou.
Ao longo do discurso, Zuma repetiu várias vezes que Mandela "é único", citando uma canção popular que diz que "hoje em dia ninguém luta como ele", e fez uma retrospetiva da vida do ex-presidente sul-africano desde que abraçou a luta armada contra o regime do apatheid até se transformar num "ícone global".
Considerou que a manifestação de dor que correu o mundo desde que se soube da morte de Mandela, na quinta-feira passada, é uma "dor tingida de admiração e celebração".
"Toda a gente já teve um momento Mandela, em que este ícone tocou a sua vida", afirmou.
Num discurso em inglês, intercalado com alguns momentos em que falou zulu, Zuma apelou ao coração dos sul-africanos, afirmando ser motivo de celebração e orgulho ser compatriota e contemporâneo de Madiba.
Citando várias vezes Mandela, o presidente sul-africano acabou por concluir que o "pai Madiba correu uma boa corrida".
"Declarou, nas suas palavras em 1994, que a morte é algo inevitável. 'Quando um homem fez o seu dever para o seu povo e o seu país pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço e é por isso que dormirei para a eternidade'", citou Zuma.
E terminou com uma despedida: "Descansa em paz, nosso pai e nosso herói".
Quando começou o discurso de Zuma, uma parte do público começou a deixar o estádio onde durante quase quatro horas a África do Sul prestou a sua última homenagem a Nelson Mandela.
Uma boa parte do público, constataram os jornalistas da AFP no local, fazia parte da oposição ao atual presidente, que foi vaiado por várias vezes.
A televisão sul-africana mostrou na assistência grupos de partidários dos "Combatentes da Liberdade Económica", o novo partido anti-Zuma do antigo presidente dos jovens do ANC Julius Malema, que atrai sobretudo massas de desempregados e tem 5% das intenções de voto para as eleições de outubro de 2014.
Lusa