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Jacob Zuma promete continuar luta por uma nação livre da pobreza

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, comprometeu-se  hoje, em nome do povo sul-africano, a continuar a lutar por uma nação livre  da pobreza, da fome e da desigualdade, num tributo ao ex-presidente Nelson Mandela. O discurso durou mais de 30 minutos. O presidente foi vaiado por várias vezes durante a cerimónia.

O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, foi vaiado quando entrou no estádio FNB de Joanesburgo (Reuters)
© Siphiwe Sibeko / Reuters

"Em sua honra, comprometemo-nos a continuar a construir uma nação baseada  nos valores democráticos da dignidade humana, igualdade e liberdade. Unidos  na nossa diversidade, continuaremos a lutar para construir uma nação livre  da pobreza, da fome, da mendicidade e da desigualdade", disse Jacob Zuma  no seu discurso da cerimónia fúnebre do primeiro presidente negro da África  do Sul. 

Alargou ainda o compromisso ao continente africano: "Como nação africana,  liderados pela União Africana, continuaremos a trabalhar para alcançar o  seu desejo de uma África melhor e de um mundo mais justo, pacífico e equitativo".

No final de um discurso de mais de 30 minutos, o presidente sul-africano,  que começara por ser vaiado pelos milhares de sul-africanos presentes no  estádio no estádio Cidade do Futebol, no Soweto, em Joanesburgo, anunciou  que o anfiteatro da Union Buildings (residência oficial do presidente da  África do Sul) passará a partir de hoje a chamar-se Anfiteatro Nelson Mandela.

"Tenho a honra de anunciar que o anfiteatro da Union Buildings, onde  Madiba tomou posse em 1994 e onde o seu corpo ficará em câmara ardente,  será, a partir de hoje, chamado Anfiteatro Nelson Mandela", disse Zuma.

"É um tributo justo para um homem que transformou o edifício, de um símbolo do racismo e da opressão, num símbolo de paz, união, democracia  e progresso", acrescentou. 

Ao longo do discurso, Zuma repetiu várias vezes que Mandela "é único",  citando uma canção popular que diz que "hoje em dia ninguém luta como ele",  e fez uma retrospetiva da vida do ex-presidente sul-africano desde que abraçou  a luta armada contra o regime do apatheid até se transformar num "ícone  global".

Considerou que a manifestação de dor que correu o mundo desde que se  soube da morte de Mandela, na quinta-feira passada, é uma "dor tingida de  admiração e celebração". 

"Toda a gente já teve um momento Mandela, em que este ícone tocou a  sua vida", afirmou.

Num discurso em inglês, intercalado com alguns momentos em que falou  zulu, Zuma apelou ao coração dos sul-africanos, afirmando ser motivo de  celebração e orgulho ser compatriota e contemporâneo de Madiba.

Citando várias vezes Mandela, o presidente sul-africano acabou por concluir  que o "pai Madiba correu uma boa corrida".

"Declarou, nas suas palavras em 1994, que a morte é algo inevitável.  'Quando um homem fez o seu dever para o seu povo e o seu país pode descansar  em paz. Acredito ter feito esse esforço e é por isso que dormirei para a  eternidade'", citou Zuma.

E terminou com uma despedida: "Descansa em paz, nosso pai e nosso herói".

Quando começou o discurso de Zuma, uma parte do público começou a deixar  o estádio onde durante quase quatro horas a África do Sul prestou a sua  última homenagem a Nelson Mandela.

Uma boa parte do público, constataram os jornalistas da AFP no local,  fazia parte da oposição ao atual presidente, que foi vaiado por várias vezes.

A televisão sul-africana mostrou na assistência grupos de partidários  dos "Combatentes da Liberdade Económica", o novo partido anti-Zuma do antigo  presidente dos jovens do ANC Julius Malema, que atrai sobretudo massas de  desempregados e tem 5% das intenções de voto para as eleições de outubro  de 2014.

Lusa