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Raúl Castro considera normal e de gente civilizada aperto de mão a Obama

O Presidente de Cuba, Raúl Castro, considerou  "normal" e de gente "civilizada" o aperto de mãos que deu hoje em Joanesburgo  ao seu homólogo dos Estados Unidos, Barack Obama, durante o funeral do ex-líder  sul-africano Nelson Mandela. 

© Kai Pfaffenbach / Reuters

"Normal, somos civilizados. Se ler o meu discurso, viu-o? Obedece a  isso", disse Castro numa curta entrevista à emissora La F.m, da Colômbia,  a partir de Joanesburgo.  Num gesto público sem precedentes entre governantes dos EUA e de Cuba,  Obama e Castro cumprimentaram-se hoje durante as cerimónias de homenagem  a Nelson Mandela no Estádio FNB, em Joanesburgo, uma imagem que deu a volta  ao mundo. "Já disse algo sobre isso", afirmou Castro quando questionado sobre  o impacto mediático que teve a histórica imagem. 

No discurso a que fez alusão na entrevista, Castro enalteceu Mandela  como "um exemplo supremo para América Latina e Caraíbas", e defendeu a unidade  entre os povos. "A humanidade não poderá responder aos seus colossais desafios nem à  sua própria existência sem uma concentração de esforços entre todas as nações",  declarou o Presidente cubano na sua intervenção. 

A Casa Branca, por seu lado, retirou importância ao aperto de mão entre  os dois chefes de estado, sublinhando que "não foi planeado" e que o mandatário  norte-americano estava apenas concentrado em homenagear Nelson Mandela. "Não foi um encontro planeado com antecipação", disse um destacado funcionário  norte-americano, que pediu anonimato, em declarações citadas pelas cadeias  CNN e CBS News. 

"Acima de tudo, hoje é um dia para homenagear Nelson Mandela e era esse  o único foco de atenção do Presidente durante o serviço fúnebre", em Joanesburgo,  adiantou.  Acrescentou que os EUA "apreciam que gente de todo o mundo esteja a  participar na cerimónia", em honra de um líder mundial dos direitos fundamentais.

O breve aperto de mão entre Obama e Castro ocorreu quando o Presidente  norte-americano se dirigia ao estrado no qual falou aos milhares de sul-africanos  presentes na cerimónia por Mandela. 

Ao longo de quatro horas, a cerimónia, marcada por uma grande emoção,  contou com discursos de líderes mundiais como os presidentes dos Estados  Unidos, Barack Obama, do Brasil, Dilma Rousseff, e de Cuba, Raul Castro,  que elogiaram a figura do antigo Presidente sul-africano, cuja morte foi  anunciada na quinta-feira passada. 

Uma cerimónia religiosa ecuménica, cânticos e as memórias de familiares  e amigos de 'Madiba' -- como Mandela era tratado -- serviram para homenagear  o Nobel da Paz, num ambiente festivo, apesar da chuva que não parou de cair.

As ações de despedida de Mandela prosseguem a partir desta quarta-feira  em Pretoria, em cujas ruas o caixão do ex-Presidente desfilará, até sexta-feira. Nos mesmos dias, também na capital, estará instalada na sede do Governo  a capela ardente. 

O funeral decorre no próximo domingo, na localidade de Qunu, na província  do Cabo Oriental, onde Mandela cresceu e havia pedido para ser enterrado,  numa cerimónia restrita à família.  

 

     

Lusa