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ONU confirma o uso de armas químicas na Síria

As armas químicas foram usadas no conflito sírio pelo menos cinco vezes, segundo o relatório dos inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentado ao secretário-geral, Ban Ki-moon.

© Lucas Jackson / Reuters

O relatório, apresentado na quinta-feira pelo responsável do grupo,  o sueco Ake Sellstrom, menciona "provas credíveis" e "provas consistentes  com o provável uso de armas químicas" que parecem provar o uso deste armamento  em cinco dos sete locais inspecionados: Ghouta, Khan Al Asal, Jobar, Saraqueb  e Ashrafieh Sahnaya.  

Os inspetores da ONU adiantaram que não provaram o uso de armas químicas  em Bahhariyeh e Sheik Maqsood. 

A equipa analisou sete das 16 acusações, por não ter recebido "informação  suficientemente credível", justifica o documento. 

Ao receber o relatório, Ban Ki-moon não falou sobre o seu conteúdo,  mas disse que o uso de armas químicas "é uma grave violação do Direito Internacional"  e realçou o compromisso, alcançado em setembro, para eliminar o arsenal  químico do Governo sírio. 

O relatório "conclui que foram usadas armas químicas no conflito em  curso na Síria", mas não aponta responsáveis pelo seu uso, por isso extravasar  o mandato dos inspetores.  

O documento confirma o que se dizia no relatório preliminar, entregue  a Ban Ki-moon no dia 16 de setembro, a propósito do massacre com armas químicas  realizado, segundo os ocidentais, pelas forças do regime em 21 de agosto.

A missão "recolheu provas flagrantes e convincentes da utilização de  armas químicas contra civis, entre os quais crianças, a uma escala relativamente  larga, na região de Ghouta, Damasco, em 21 de agosto". 

Sobre Khan al-Assal, onde o regime e a oposição se acusam mutuamente  de usar armas químicas, a missão "recolheu informações credíveis que corroboram  as acusações de utilização de armas químicas, em 19 de março de 2013, contra  soldados e civis".   

Em Jobar, perto de Damasco, foram recolhidas "provas concordantes com  a utilização provável de armas químicas, em 24 de agosto de 2013, a uma  escala relativamente fraca contra os soldados", mas sem informações fiáveis  quanto ao sistema de lançamento destas armas.  

No noroeste da Síria, em Saraqeb, "as provas recolhidas sugerem que  foram utilizadas armas químicas em 24 de agosto, em fraca escala, contra  civis". 

Perto de Damasco, em Achrafié Sahnaya, os indícios recolhidos -- por  norma, testemunhos, resíduos de munições, amostras de terra e sangue --  "sugerem" a utilização de armas químicas, em 25 de agosto, "em fraca escala,  contra soldados". 

Por fim, tanto sobre os alegados ataques em Bahhariyé, em 22 de agosto,  como em Cheikh Maqsoud, em 13 de abril, os inspetores "não puderam corroborar  as acusações" sobre o recurso a armas químicas.  

O relatório de 82 páginas, que inclui anexos técnicos, foi transmitido  aos membros do Conselho de Segurança da ONU, que o devem examinar na segunda-feira.

 

 

Lusa