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Mais de 45,2 milhões refugiados em todo o mundo devido a conflitos

Mais de 45,2 milhões de pessoas estão, atualmente, deslocadas em todo o mundo, devido a vários conflitos, no número mais elevado desde o início do milénio, de acordo com os últimos dados recolhidos pelo Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR).

A grande maioria dos refugiados dependem de ajuda, chegando aos campos com pouco mais além da roupa que têm no corpo. (REUTERS)
© Azad Lashkari / Reuters

Os números do CNR, uma organização não-governamental independente, foram  apresentados no último relatório oficial e referem-se a 2012.  

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) indica  um número semelhante, no relatório sobre 2012, apresentado em meados do  ano passado.  

De acordo com o documento, a primeira metade do ano passado ficou marcada  por uma continuação de múltiplas crises de refugiados, atingindo níveis  muito superiores aos da década anterior.   

As estimativas do ACNUR indicam que o número total de pessoas que procuraram  proteção dentro ou fora das fronteiras dos seus países, durante a primeira  metade de 2013, excedeu os 5,9 milhões.  

Conflitos, como os que se registam na Síria, na República Centro-Africana,  na República Democrática do Congo (RDCongo) e Mali, obrigaram mais de 1,5  milhões de pessoas a procurar refúgio, sobretudo nos países vizinhos.  

A 19 de janeiro assinala-se o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado,  instituído pelo papa Pio X, em 1914, há 100 anos. 

Em vez de diminuir, o número de refugiados aumenta e atinge níveis idênticos  aos registados em 1994, de acordo com o ACNUR.  

Dos mais de 45 milhões de pessoas afetadas, 16,4 milhões são refugiados,  937 mil pediram asilo e 28,8 milhões são deslocados internos, ou seja, pessoas  obrigadas a fugir dentro das fronteiras do seu próprio país, acrescentou  a agência da ONU.  

O número de deslocados internos em todo o mundo registou um aumento  de 2,8 milhões em relação a 2011. 

A guerra e os conflitos armados continuam a ser a principal razão da  fuga das populações, tendo obrigado 55% dos refugiados a abandonar as suas  casas, de acordo com o ACNUR.  

Os palestinianos constituem o maior grupo de refugiados, com um total  de cinco milhões. Do Afeganistão fugiram 2,9 milhões, do Iraque 1,8 milhões,  e da Somália 1,2 milhões, indica o relatório do CNR.  

Os cinco países com o maior número de deslocados internos são a RDCongo  (456 mil), Birmânia (407 mil) Colômbia (390 mil), e Sudão (370 mil), acrescenta  as duas organizações.  

A Síria registou o maior aumento do número de deslocados internos, em  2012, com 2,4 milhões. Foi também o país que contabilizou o maior número  de refugiados em 2012 (660 mil), afirma o CNR.  

Um aspeto preocupante é a baixa idade dos refugiados. Os menores de  18 anos constituiram, em 2012, 46% da população em fuga e cerca de metade  do número total de refugiados são mulheres, em países onde são frequentemente  vítimas de violência de género.  

Numa reunião de países de acolhimento de refugiados sírios (Iraque,  Líbano, Egito, Jordânia e Turquia), organizada num campo perto de Sanliurfa  (no sul da Turquia), na sexta-feira, o responsável do ACNUR, António Guterres,  pediu às partes do conflito sírio que encontrem "uma solução política",  reconhecendo "não existir solução humanitária para este problema".  

"Por isso, é muito importante enviar uma mensagem muito clara à comunidade  internacional que se vai reunir na próxima semana, em Genebra: é absolutamente  incontornável pôr fim a este banho de sangue e encontrar uma solução política",  acrescentou o Alto-comissário.  

O Paquistão é um dos principais países recetores de refugiados, com  um total de 1,6 milhões, no fim de 2012. Em segundo lugar, encontra-se o  Irão, com perto de 870 mil, seguido da Alemanha (cerca de 590 mil) e do  Quénia (575 mil).  

Cerca de dois terços dos refugiados de todo o mundo estão no exílio  há mais de cinco anos, e a maioria não tem qualquer perspetiva de regressar  ao país ou ao local de origem.  

Em 2012, 2,7 milhões de pessoas conseguiram deixar o local de exílio  e regressar a casa, incluindo, neste número, 526 mil refugiados e 2,1 milhões  de deslocados internos.  

Tal como sublinha o ACNUR, o ritmo é manifestamente insuficiente, dado  que no mesmo período de tempo, 7,6 milhões foram obrigadas a deixar o local  onde viviam.  

Quatro quintos de todos os refugiados encontram-se em países em desenvolvimento,  em nações com mais dificuldades financeiras para os ajudar e manter.  

Mais de metade dos refugiados de todo o mundo encontra-se em meios urbanos  e não em campos.  

Os desastres naturais obrigaram 32,4 milhões de pessoas a mudar de local  de residência, em 2012, de acordo com o CNR.