O ex-analista informático norte-americano, atualmente refugiado na Rússia, foi oficialmente designado pelo grupo dos Verdes devido "à sua contribuição para a proteção dos nossos direitos universais, incluindo o direito à privacidade e liberdade de expressão", refere-se numa carta dirigida ao comité Nobel norueguês assinada pelos dois copresidentes do grupo dos Verdes, a alemã Rebecca Harms e o eurodeputado francês Daniel Cohn-Bendit.
Snowden, que divulgou a amplitude das escutas efetuadas pela Agência nacional de segurança dos Estados Unidos (NSA), tinha já sido proposto na quarta-feira como candidato ao Nobel da Paz por dois deputados noruegueses.
"Ao sacrificar a sua liberdade, Edward Snowden permitiu que o mundo tomasse consciência das derivas de um sistema de vigilância em larga escala e a necessidade de agir coletivamente para assegurar que os progressos das tecnologias da comunicação sejam um vetor de paz e não uma ameaça contra as nossas sociedades", refere ainda a carta dos dois eurodeputados.
Por sua vez, o nome de Ashton, acompanhada pelo primeiro-ministro da Sérvia, Ivica Dacic, e do Kosovo, Hashim Thaçi, foi sugerido pessoalmente pelo austríaco Hannes Swoboda, presidente do grupo parlamentar dos Socialistas e Democratas (S&D).
A responsável pela política externa da União mediou as negociações entre Dacic e Thaçi, que em meados de 2013 culminaram na assinatura de um acordo sobre o Kosovo, um dos principais focos de tensão nos Balcãs.
Os dirigentes sérvio e kosovar estiveram diretamente implicados nos conflitos que dilaceraram a ex-Jugoslávia. Dacic assumiu as funções de porta-voz do ex-presidente da Sérvia Slobodan Milosevic (1941-2006) enquanto Thaçi se destacou como chefe político do Exército de Libertação do Kosovo (U·K) durante a guerra com a Sérvia (1998-1999), sendo posteriormente indiciado por diversos crimes, incluindo o tráfico de órgãos humanos de prisioneiros sérvios durante o conflito.
Ao justificar a proposta, Swoboda sublinhou que "as relações entre a Sérvia e o Kosovo são frágeis, mas existem hoje" e considerou os esforços de normalização "sem precedentes e com a possibilidade de uma cooperação e de uma paz durável na região".
Interrogados pela agência noticiosa AFP, os eurodeputados socialistas franceses precisaram tratar-se "de uma iniciativa pessoal de Swoboda e não do grupo S&D".
As nomeações para o Nobel da Paz podem ser sugeridas até sábado, oito meses e meio antes de o prémio ser oficialmente anunciado.
Lusa