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Snowden, Ashton e primeiros-ministros da Sérvia e Kosovo propostos para Nobel da Paz

Socialistas e Verdes no Parlamento Europeu propuseram hoje para o prémio Nobel da Paz o norte-americano Eduard Snowden,  a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, e os primeiros-ministros  da Sérvia e do Kosovo. 

(Reuters/Arquivo)
© Jonathan Ernst / Reuters

O ex-analista informático norte-americano, atualmente refugiado na Rússia,  foi oficialmente designado pelo grupo dos Verdes devido "à sua contribuição  para a proteção dos nossos direitos universais, incluindo o direito à privacidade  e liberdade de expressão", refere-se numa carta dirigida ao comité Nobel  norueguês assinada pelos dois copresidentes do grupo dos Verdes, a alemã  Rebecca Harms e o eurodeputado francês Daniel Cohn-Bendit.  

Snowden, que divulgou a amplitude das escutas efetuadas pela Agência  nacional de segurança dos Estados Unidos (NSA), tinha já sido proposto na  quarta-feira como candidato ao Nobel da Paz por dois deputados noruegueses.

"Ao sacrificar a sua liberdade, Edward Snowden permitiu que o mundo  tomasse consciência das derivas de um sistema de vigilância em larga escala  e a necessidade de agir coletivamente para assegurar que os progressos das  tecnologias da comunicação sejam um vetor de paz e não uma ameaça contra  as nossas sociedades", refere ainda a carta dos dois eurodeputados.  

Por sua vez, o nome de Ashton, acompanhada pelo primeiro-ministro da  Sérvia, Ivica Dacic, e do Kosovo, Hashim Thaçi, foi sugerido pessoalmente  pelo austríaco Hannes Swoboda, presidente do grupo parlamentar dos Socialistas  e Democratas (S&D).  

A responsável pela política externa da União mediou as negociações entre  Dacic e Thaçi, que em meados de 2013 culminaram na assinatura de um acordo  sobre o Kosovo, um dos principais focos de tensão nos Balcãs.  

Os dirigentes sérvio e kosovar estiveram diretamente implicados nos  conflitos que dilaceraram a ex-Jugoslávia. Dacic assumiu as funções de porta-voz  do ex-presidente da Sérvia Slobodan Milosevic (1941-2006) enquanto Thaçi  se destacou como chefe político do Exército de Libertação do Kosovo (U·K)  durante a guerra com a Sérvia (1998-1999), sendo posteriormente indiciado  por diversos crimes, incluindo o tráfico de órgãos humanos de prisioneiros  sérvios durante o conflito.  

Ao justificar a proposta, Swoboda sublinhou que "as relações entre a  Sérvia e o Kosovo são frágeis, mas existem hoje" e considerou os esforços  de normalização "sem precedentes e com a possibilidade de uma cooperação  e de uma paz durável na região".  

Interrogados pela agência noticiosa AFP, os eurodeputados socialistas  franceses precisaram tratar-se "de uma iniciativa pessoal de Swoboda e não  do grupo S&D".  

As nomeações para o Nobel da Paz podem ser sugeridas até sábado, oito  meses e meio antes de o prémio ser oficialmente anunciado.  

Lusa