Mundo

Infanta Cristina sai do tribunal oito horas depois do início de interrogatório

A infanta Cristina, filha  do rei espanhol, foi hoje interrogada durante mais de seis horas e meia  na Audiência Provincial de Palma de Maiorca, como arguida por alegados delitos  de fraude fiscal e branqueamento de capitais. 

© Daniel Aguilar / Reuters

Cristina, que abandonou o tribunal pouco depois das 18:00 locais (17:00  em Lisboa) - oito horas depois de entrar no edifício - tinha sido interrogada  durante cinco horas pelo juiz José Castro e, posteriormente, cerca de uma  hora pelo procurador Pedro Horrach. 

A filha de Juan Carlos recusou-se a responder às acusações dos advogados  particulares e aos advogados de defesa de outros arguidos no processo. 

O advogado da infanta, Miquel Roca, disse aos jornalistas que a sua  cliente saiu "muito contente" da audição porque "teve a possibilidade de  explicar com todo o detalhe, pergunta a pergunta, com meticulosidade qual  foi ou não a sua intervenção nos factos que se lhe imputam". 

"Hoje não poderia ser para a infanta e para os seus advogados um dia  melhor", disse aos jornalistas. 

"A justiça funciona. Todos somos iguais perante a lei. Deixaremos que  o tempo ajude à reflexão que a justiça tem que realizar", sublinhou. 

O advogado recusou que a infanta tenha dado respostas evasivas durante  as quase sete horas de depoimento, afirmando que em 95% das perguntas "respondeu  com sim ou não, de forma firme, taxativa e serena". 

É normal, disse, que em alguns casos tenha dito não se lembrar de alguns  dos acontecimentos sobre que foi interrogada "porque ocorreram há muitos  anos". 

"Esclareceu-se tudo e penso que se pode despertar em sua senhoria, nas  instituições e, espero na opinião pública, o quão inocente é a infanta de  todas as acusações que lhe são dirigidas", afirmou. 

"Houve emoção, sentimento, sinceridade, dúvida, afirmações contundentes.  Foi uma declaração muito sincera e leal, muito exemplar", afirmou. 

A sessão histórica - pela primeira vez, um membro de uma casa real europeia  respondeu perante a justiça por um caso de corrupção - foi acompanhada por  mais de 400 jornalistas, dominando as atenções mediáticas em Espanha e noutros  países. 

Cristina foi questionada sobre gastos que fez com o cartão de crédito da empresa e sobre outros elementos do processo, com o empréstimo de 1,2  milhões de euros que recebeu do rei Juan Carlos para a compra da sua casa  em Barcelona. 

Arguida por delito fiscal e branqueamento de capitais disse, segundo  fontes judiciais, que soube da advertência feita em 2006 por Juan Carlos  a Iaki Urdangarin para que deixasse as suas atividades no Instituto Nóos.

Atribuiu esse aviso a uma questão de estética e imagem da Casal Real,  não lhe tendo dado mais importância. 

Cristina foi questionada até sobre o seu pessoal doméstico, afirmando  que os tinha contratado, mas desconhecendo a forma como eram pagos. 

Tranquila e "muito bem treinada", segundo um dos advogados presentes,  Cristina insistiu que nunca participou na gestão do Instituto Nóos, onde  eram vogal, e rejeitou ter conhecimento sobre a gestão diária da empresa  Aizoon. 

 

     

 

Lusa