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Rússia desativa quatro sites da oposição

A organização internacional de jornalistas Repórteres Sem Fronteiras (RSF) criticou hoje a desativação de quatro sites da oposição parlamentar na Rússia, considerando que se está perante "um ponto de viragem sobre a liberdade de informação na internet na Rússia". 

(Reuters/Arquivo)
© Vasily Fedosenko / Reuters

"É claro que, através do bloqueio destes sites um dia depois da demissão da redatora principal do Lenta.ru [um portal de notícias], estamos perante um ponto de viragem sobre a liberdade de informação na internet na Rússia", disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

Por isso, o secretário-geral da RSF apela à Agência de Controlo de Meios de Comunicação e de Tecnologias de Informação, Roskomnadzor, para "dar explicações e reverter esta inacreditável decisão".

As autoridades russas bloquearam o acesso a vários sites de partidos da oposição parlamentar, alegando que estes portais "contêm incitamentos a atividades ilegais e participação em ações públicas que violam a ordem".  

"A pedido da Procuradoria-Geral da Rússia, foram proibidos os portais www.grani.ru, www.kasparov.ru e www.ej.ru”, informou a Roskomnadzor, em comunicado.

A agência proibiu ainda o acesso ao site livejournal.com, do líder da oposição russa, Alexéi Navalni, o qual se encontra em prisão domiciliária e impedido de usar o telefone e de se ligar à internet.  

As últimas medidas da Roskomnadzor surgem na sequência da convocação de manifestações de protestos contra Mikhail  Khodorkovsky Kremlin em Moscovo, a propósito da intervenção das forças pró-russas na Crimeia e do o despedimento da redatora principal do portal de notícias Lenta.ru por ter entrevistado o líder e ativista da formação radical ultranacionalista da Ucrânia ('Setor das Direitas'), Dmitri Yarosh, o qual tem um mandado de busca e captura na Rússia.  

"Este novo salto na censura é infelizmente a consequência previsível da adoção de uma lei, em dezembro, que permite ao Procurador-Geral da República e à Roskomnadzor bloquear qualquer conteúdo que considerem 'extremista' sem a intervenção de um juiz. Expressámos o nosso alarme nessa altura sobre o caráter vago e genérico deste conceito", acrescentam os responsáveis dos RSF. 

"Se a Constituição da Rússia ainda vale alguma coisa, as autoridades têm de reverter esta decisão, que entrou em vigor a 01 de fevereiro e que legaliza a mais arbitrária das censuras", conclui a RSF.


Lusa