O ministro dos Assuntos Especiais, Tanimu Turaki, disse hoje, em declarações à estação pública britânica, que, se o Boko Haram estiver a ser "sincera" na intenção de negociar, o seu líder, Abubakar Shekau, devia enviar pessoas da sua confiança para o efeito.
A 14 de abril, o grupo fundamentalista islâmico raptou 276 raparigas, cristãs e muçulmanas, de uma escola em Chibok, no Norte da Nigéria. Até agora, 223 jovens continuam desaparecidas.
Entretanto, num vídeo divulgado na segunda-feira, que mostrava mais de uma centena de menores cobertas com véu e recitando os versos do Alcorão, livro sagrado para o islão, o Boko Haram condicionou a entrega das menores à libertação de militantes do grupo presos.
O ministro Turaki, que preside ao comité de reconciliação criado pelo Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, para negociar com os fundamentalistas islâmicos, considerou hoje que "o diálogo é uma opção fundamental" e disse acreditar que "um assunto desta natureza pode resolver-se à margem da violência".
O Governo nigeriano está a estudar o vídeo divulgado pelo Boko Haram e já comunicou que mantém "todas as opções" em aberto para resgatar as menores.
O general norte-americano que está à frente do Comando dos Estados Unidos para África, David Rodriguez, chegou hoje à capital, Abuja, para participar na operação internacional de resgate das 200 meninas, na qual já estão envolvidos militares e agentes do FBI norte-americanos.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos vai deslocar para a Nigéria equipamentos de vigilância e reconhecimento para procurar e resgatar as alunas.
Hoje, o Presidente nigeriano apelou ao Parlamento que prolongue por mais seis meses o estado de emergência nos três estados do Norte do país -- Adamawa, Borno e Yobe -- confrontados com a violência de grupos militantes islamitas.
O estado de emergência destinado a controlar a ameaça do Boko Haram foi instaurado pela primeira vez há um ano, com medidas especiais que implicaram um reforço da presença militar nas regiões afetadas.
Inicialmente, as iniciativas pareceram registar algum sucesso, com os militantes a serem expulsos dos centros urbanos. No entanto, os ataques prosseguiram e a escalada alastrou às zonas rurais, com o grupo radical a demonstrar aparente capacidade para atacar de forma indiscriminada.
A 7 de novembro, os deputados aprovaram o pedido para o prolongamento do cessar-fogo por mais seis meses, depois de o chefe de Estado ter reconhecido que a ameaça não estava contida.
Desde então, aumentaram os ataques, agora mais concentrados em civis, em detrimento de antigos alvos, como Governo, polícia ou instalações militares.
Lusa