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Nigéria "disposta" a negociar com fundamentalistas islâmicos Boko Haram

A Nigéria está "disposta" a negociar com o  grupo fundamentalista islâmico Boko Haram para conseguir a libertação das  duas centenas de alunas sequestradas do colégio no mês passado, anunciou  um ministro local à BBC. 

© Christian Hartmann / Reuters

O ministro dos Assuntos Especiais, Tanimu Turaki, disse hoje, em declarações  à estação pública britânica, que, se o Boko Haram estiver a ser "sincera"  na intenção de negociar, o seu líder, Abubakar Shekau, devia enviar pessoas  da sua confiança para o efeito.  

A 14 de abril, o grupo fundamentalista islâmico raptou 276 raparigas,  cristãs e muçulmanas, de uma escola em Chibok, no Norte da Nigéria. Até  agora, 223 jovens continuam desaparecidas.  

Entretanto, num vídeo divulgado na segunda-feira, que mostrava mais  de uma centena de menores cobertas com véu e recitando os versos do Alcorão,  livro sagrado para o islão, o Boko Haram condicionou a entrega das menores  à libertação de militantes do grupo presos. 

O ministro Turaki, que preside ao comité de reconciliação criado pelo  Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, para negociar com os fundamentalistas  islâmicos, considerou hoje que "o diálogo é uma opção fundamental" e disse  acreditar que "um assunto desta natureza pode resolver-se à margem da violência".

O Governo nigeriano está a estudar o vídeo divulgado pelo Boko Haram  e já comunicou que mantém "todas as opções" em aberto para resgatar as menores.

O general norte-americano que está à frente do Comando dos Estados Unidos  para África, David Rodriguez, chegou hoje à capital, Abuja, para participar  na operação internacional de resgate das 200 meninas, na qual já estão envolvidos  militares e agentes do FBI norte-americanos. 

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos vai deslocar para a Nigéria  equipamentos de vigilância e reconhecimento para procurar e resgatar as  alunas. 

Hoje, o Presidente nigeriano apelou ao Parlamento que prolongue por  mais seis meses o estado de emergência nos três estados do Norte do país  -- Adamawa, Borno e Yobe -- confrontados com a violência de grupos militantes  islamitas.  

O estado de emergência destinado a controlar a ameaça do Boko Haram  foi instaurado pela primeira vez há um ano, com medidas especiais que implicaram  um reforço da presença militar nas regiões afetadas. 

Inicialmente, as iniciativas pareceram registar algum sucesso, com os  militantes a serem expulsos dos centros urbanos. No entanto, os ataques  prosseguiram e a escalada alastrou às zonas rurais, com o grupo radical  a demonstrar aparente capacidade para atacar de forma indiscriminada.  

A 7 de novembro, os deputados aprovaram o pedido para o prolongamento  do cessar-fogo por mais seis meses, depois de o chefe de Estado ter reconhecido  que a ameaça não estava contida.  

Desde então, aumentaram os ataques, agora mais concentrados em civis,  em detrimento de antigos alvos, como Governo, polícia ou instalações militares.

Lusa