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Parlamento espanhol debate hoje abdicação de Juan Carlos, com protestos previstos

O Congresso de Deputados, câmara baixa das Cortes Gerais espanholas, debate hoje e previsivelmente aprova a a lei orgânica que formaliza o processo de abdicação do rei Juan Carlos, que estará concluído na próxima semana.

A ausência de Juan Carlos foi decidida para "dar um papel mais importante  ao novo rei", sublinhou o porta-voz. (Reuters)
© Sergio Perez / Reuters

Alfonso Alonso, porta-voz do PP no Congresso de Deputados, anunciou  que caberá ao presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, defender a  normativa que permitirá, depois da sua aprovação definitiva, a proclamação  de Felipe VI como rei de Espanha. 

"O que obedece à lógica e pela importância do debate é que a posição  do Governo seja defendida pelo presidente", explicou Alonso. 

A sessão plenária histórica de hoje incluirá dois debates, um primeiro  sobre o procedimento em que os grupos comentarão a tramitação urgente e  em leitura única do projeto de lei, havendo depois um debate sobre o conteúdo,  em que intervirá Mariano Rajoy. 

A lei constata, na primeira das duas partes do artigo único, que Juan  Carlos I abdica da Coroa de Espanha e refere, no segundo, que essa abdicação  será efetiva quando for publicada no Boletim Oficial do Estado (BOE). 

"S. M., o rei Juan Carlos I de Borbón, abdica da Coroa de Espanha. A  abdicação será efetiva no momento da entrada em vigor da presente lei orgânica",  refere a primeira parte. 

"A entrada em vigor terá lugar no momento da sua publicação no Boletim  Oficial de Estado", concluí o texto. 

A aprovação no Congresso está garantida, com o apoio dos deputados do  PP, PSOE e UPyD, entre outros, e deverá decorrer por chamada pública individual  a cada deputado, cumprindo um pedido da Esquerda Plural e do Grupo Misto.

Antecipa-se que vários grupos parlamentares poderão utilizar o debate  para defender a realização de um referendo sobre o modelo de Estado em Espanha.

Para o exterior, a Coordenadora 25S convocou um protesto para as 12:30  (11:30 em Lisboa), em defesa do fim da monarquia e para denunciar, segundo  a organização, que "o atual regime é incapaz de assegurar um mínimo de dignidade  e justiça para todos e todas".  

Depois do debate de hoje, o processo de abdicação de Juan Carlos continua  na próxima semana na câmara alta, o Senado. 

Na terça-feira e a antecipar esse passo, a Mesa do Senado - órgão de  governo da câmara alta - procedeu à "qualificação" da norma, aprovada na  semana passada pelo Governo, antes da sua subida e votação ao plenário.

O plenário do Senado deverá votar o texto no próximo dia 17 de junho,  que será, posteriormente, assinado pelo rei Juan Carlos, a 18 de junho,  antes da sua publicação no BOE. 

Finalmente, a 19 de junho, as Cortes Gerais, reunidas em sessão conjunta  do Congresso e do Senado, celebram o ato solene de proclamação de Felipe  VI, durante a qual o monarca jura desempenhar fielmente as suas funções,  guardar e fazer guardar a Constituição e as leis e respeitar os direitos  dos cidadãos e das Comunidades Autónomas. 

Depois da cerimónia, em que não deverão estar quaisquer outros chefes  de Estado, o rei presidirá a um desfile militar a que assistirão as principais  autoridades do Estado.