A cimeira, na qual os chefes de Estado e de Governo da União Europeia deverão nomear Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia (apesar da forte oposição de Londres), terá contornos diferentes dos habituais, já que, no primeiro dia de trabalhos, os líderes reúnem-se em Ypres, onde foram travadas algumas das batalhas mais sangrentas do conflito, e só no segundo dia em Bruxelas.
No contexto da evocação dos soldados que tombaram nos campos da Flandres na I Guerra, também o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, deslocar-se-á, hoje, a França, junto à fronteira com a Bélgica, para cerimónias no cemitério militar de Richebourg, onde estão enterrados quase 2 mil soldados portugueses mortos na guerra, e junto ao monumento de homenagem aos combatentes, em La Couture, em França.
De seguida, o chefe de Governo participará, em Kortijk, Flandres, na tradicional mini-cimeira do Partido Popular Europeu (PPE) antes dos Conselhos Europeus, após o que rumará a Ypres, onde os lideres europeus irão então assinalar o centenário do início da I Guerra Mundial e ter um jantar informal que assinala o início dos trabalhos, que prosseguirão (e terminarão) na sexta-feira, em Bruxelas.
Apesar de a agenda prever diversos temas - como a situação na Ucrânia e a questão da segurança energética -, todas as atenções estarão centradas na escolha do nome a sujeitar ao voto do Parlamento Europeu para liderar a Comissão Europeia nos próximos cinco anos, com base nos resultados das eleições europeias realizadas em maio passado, e que apresentaram como grande novidade - à luz do Tratado de Lisboa - o facto de os principais grupos políticos terem os seus candidatos à presidência do executivo comunitário.
Embora o Reino Unido tente até ao fim evitar a escolha de Juncker -- que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, considera "demasiado federalista" e um "político dos anos 80" e, como tal, pouco indicado para levar a cabo as reformas na UE que Londres considera indispensáveis -, o antigo primeiro-ministro luxemburguês deverá ser designado pelo Conselho Europeu para suceder a José Manuel Durão Barroso, mesmo que com recurso a uma votação, em vez do habitual consenso.
Lusa