"O tribunal federal anuncia que confirma que o Estado de direito (de Nuri al-Maliki) é o bloco mais importante do parlamento", indicou a televisão oficial iraquiana.
De acordo com a Constituição, o presidente iraquiano deve escolher um primeiro-ministro saído da principal força do parlamento, o que abriria a possibilidade de Al-Maliki cumprir um terceiro mandato.
Num discurso transmitido na televisão, no domingo à noite, o primeiro-ministro iraquiano acusou o presidente de ter violado duas vezes a Constituição, nomeadamente, por não confiar a um chefe de governo designado a missão de formar um novo executivo.
O presidente, Fuad Massum, recebeu vários apoios, incluindo o dos Estados Unidos, reafirmado hoje pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Para Washington, só um governo de união poderá responder ao caos no qual está mergulhado o Iraque.
"Apoiamos firmemente o presidente Massum, que tem a responsabilidade de garantir a Constituição do Iraque (...) Esperemos que Al-Maliki não cause problemas", disse Kerry, durante uma deslocação a Sydney.
Desde o início de junho, rebeldes sunitas, liderados pelos "jihadistas" do Estado Islâmica (EI), lançaram uma ofensiva e tomaram zonas inteiras de território, encontrando apenas uma fraca resistência do exército.
Ainda antes desta ofensiva, a violência era uma constante diária no Iraque, alimentada pelas divergências entre confissões, com os sunitas a afirmarem serem marginalizados pelo governo, de maioria xiita, de Nuri al-Maliki.
A coligação de Nuri al-Maliki, um xiita, venceu as legislativas de 30 de abril e o ainda primeiro-ministro pretende cumprir um terceiro mandato, apesar de ser alvo de fortes críticas pelo autoritarismo e escolha de marginalizar a minoria sunita, o que - na opinião de alguns observadores - levou à insurreição islamita no norte do país.
A eleição na semana passada de Fuad Massum para a presidência iraquiana abriu caminho à formação de um novo governo e do possível afastamento de Al-Maliki.
O primeiro-ministro cessante iraquiano perdeu o apoio de Washington, Teerão, dirigentes xiitas e da maioria do próprio partido, mas ainda não renunciou ao cargo.
No domingo, o parlamento adiou a sessão para 19 de agosto, por falta de consenso entre os deputados na escolha de um primeiro-ministro.
O discurso transmitido pela televisão de Al-Maliki foi seguido de um destacamento inabitual de forças nas zonas estratégicas de Bagadad, semelhante às medidas tomadas em caso de estado de emergência, de acordo com um alto responsável da polícia.
De acordo com uma regra não escrita, o cargo de presidente da República, principalmente protocolar, é ocupado por um curdo, o de presidente do parlamento por um sunita e o de primeiro-ministro por um xiita.
Lusa