"Estamos, no que diz respeito ao Iraque, particularmente preocupados com a evolução (da situação), porque estamos a assistir a uma catástrofe humana de grandes dimensões. Em particular, são lamentáveis e censuráveis os ataques contra as minorias étnicas e religiosas do país", disse hoje à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa.
"Portugal condena firmemente as atrocidades que têm vindo a ser praticadas pelas forças extremistas e terroristas sob o comando do grupo Estado Islâmico, que é um fenómeno recente depois da declaração do califado, mas que tem tido consequências extremamente graves", frisou.
Por outro lado, prosseguiu Rui Machete, Portugal apoia "os esforços da comunidade internacional, nos quais a União Europeia participa ativamente, para que se possa aliviar, na medida do possível, o sofrimento das populações que têm sido atingidas por estas atrocidades e atos de terrorismo".
O ministro salientou também que o Governo português apoia "as ações das autoridades iraquianas e norte-americanas e ainda de outros parceiros internacionais no sentido de deter o avanço das forças do grupo Estado Islâmico e, portanto, os esforços de luta contra o terrorismo".
Mas, advertiu, "é bom não ter ilusões: só um diálogo político abrangente, com vista a uma reconciliação nacional, permitirá melhorar significativamente a situação".
"Isto significa que só a via política permitirá alcançar uma paz duradoura no Iraque", defendeu, acrescentando, contudo, que tal "exige uma união dos iraquianos que está longe, ainda, de ser alcançada, e que estes manifestem uma vontade clara e firme de eliminar as causas do terrorismo para que seja possível reconstruir o país".
Neste contexto, Rui Machete destacou a importância da nomeação de um novo primeiro-ministro, al-Abadi, "que representa um importante passo no processo constitucional iniciado pelas eleições legislativas em abril".
"(Agora) temos de apelar para que haja uma rápida formação de um executivo inclusivo", sublinhou.
Tudo isto, referiu, "será objeto de análise e discussão no conselho extraordinário dos ministros dos Negócios Estrangeiros que vai ser reunido na próxima sexta-feira em Bruxelas, e em que se vai debater a atual situação no Iraque, mas também os problemas na Líbia e em Gaza, e é natural que também se discuta algum aspeto relacionado com a Ucrânia".
A reunião, marcada para as 12:00 (11:00 em Lisboa), tinha sido pedida por França, cuja Presidência anunciou hoje que vai enviar armas aos curdos iraquianos que tentam repelir os 'jihadistas' do Estado Islâmico no norte do país.
Na terça-feira, os embaixadores da UE reuniram-se para coordenar as ações no Iraque e acordaram reforçar a coordenação humanitária e o acesso aos deslocados" no país e deixar aos Estados membros a decisão de entregarem ou não armas aos combatentes curdos.
Lusa