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Portugal condena "catástrofe humana de grandes dimensões" no Iraque

O ministro dos Negócios Estrangeiros português,  Rui Machete, condenou hoje a "catástrofe humana de grandes dimensões" a  que se assiste no Iraque, tema que será debatido numa reunião de emergência  dos MNE europeus na sexta-feira, em Bruxelas.  

© Youssef Boudlal / Reuters

"Estamos, no que diz respeito ao Iraque, particularmente preocupados  com a evolução (da situação), porque estamos a assistir a uma catástrofe  humana de grandes dimensões. Em particular, são lamentáveis e censuráveis  os ataques contra as minorias étnicas e religiosas do país", disse hoje  à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa.  

"Portugal condena firmemente as atrocidades que têm vindo a ser praticadas  pelas forças extremistas e terroristas sob o comando do grupo Estado Islâmico,  que é um fenómeno recente depois da declaração do califado, mas que tem  tido consequências extremamente graves", frisou. 

Por outro lado, prosseguiu Rui Machete, Portugal apoia "os esforços  da comunidade internacional, nos quais a União Europeia participa ativamente,  para que se possa aliviar, na medida do possível, o sofrimento das populações  que têm sido atingidas por estas atrocidades e atos de terrorismo". 

O ministro salientou também que o Governo português apoia "as ações  das autoridades iraquianas e norte-americanas e ainda de outros parceiros  internacionais no sentido de deter o avanço das forças do grupo Estado Islâmico  e, portanto, os esforços de luta contra o terrorismo". 

Mas, advertiu, "é bom não ter ilusões: só um diálogo político abrangente,  com vista a uma reconciliação nacional, permitirá melhorar significativamente  a situação". 

"Isto significa que só a via política permitirá alcançar uma paz duradoura  no Iraque", defendeu, acrescentando, contudo, que tal "exige uma união dos  iraquianos que está longe, ainda, de ser alcançada, e que estes manifestem  uma vontade clara e firme de eliminar as causas do terrorismo para que seja  possível reconstruir o país". 

Neste contexto, Rui Machete destacou a importância da nomeação de um  novo primeiro-ministro, al-Abadi, "que representa um importante passo no  processo constitucional iniciado pelas eleições legislativas em abril".

"(Agora) temos de apelar para que haja uma rápida formação de um executivo  inclusivo", sublinhou. 

Tudo isto, referiu, "será objeto de análise e discussão no conselho  extraordinário dos ministros dos Negócios Estrangeiros que vai ser reunido  na próxima sexta-feira em Bruxelas, e em que se vai debater a atual situação  no Iraque, mas também os problemas na Líbia e em Gaza, e é natural que também  se discuta algum aspeto relacionado com a Ucrânia". 

A reunião, marcada para as 12:00 (11:00 em Lisboa), tinha sido pedida  por França, cuja Presidência anunciou hoje que vai enviar armas aos curdos  iraquianos que tentam repelir os 'jihadistas' do Estado Islâmico no norte  do país. 

Na terça-feira, os embaixadores da UE reuniram-se para coordenar as  ações no Iraque e acordaram reforçar a coordenação humanitária e o acesso  aos deslocados" no país e deixar aos Estados membros a decisão de entregarem  ou não armas aos combatentes curdos. 

 

Lusa