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Pais da vítima de Oscar Pistorius incrédulos e chocados com veredito 

Os pais de Reeva Steenkamp, a jovem modelo  abatida por Oscar Pistorius em 2013, receberam hoje com incredulidade o  veredito de homicídio involuntário emitido pela justiça sul-africana ao  campeão paralímpico.  

© POOL New / Reuters

"Penso que não é um bom veredito... Eles acreditaram na sua história,  eu não", afirmou a sua mãe, June Steenkamp, em declarações à cadeia televisiva  NBC. "Ele disparou sobre a porta, e não acredito que tenham pensado tratar-se  de um acidente", acrescentou.  

Na ausência de provas irrefutáveis que demonstrassem a intenção de matar,  a justiça sul-africana forneceu a Pistorius o benefício da dúvida e afastou  a acusação de assassínio, que o próprio contestava.  

"Ela morreu de uma morte horrível, dolorosa, terrível, e sofreu", prosseguiu,  numa referência ao depoimento no processo de um especialista em balística  e que sublinhou que a modelo foi atingida uma primeira vez na anca, antes  de ser mortalmente atingida.  

A arma de Pistorius estava carregada com balas expansivas, cuja utilização  tem provocado polémica pelo facto de, ao contrário de trespassarem o corpo,  explodem e laceram os tecidos, não permitindo qualquer recuperação dos ferimentos.

"Foram cometidos numerosos erros, isto não pega", acrescentou June,  com o seu marido Barry a considerar que "todos os que puderam seguir este  caso no mundo estão incrédulos".  

Interrogada sobre a pena que gostaria de ver aplicada ao desportista,  a anunciar em outubro, June respondeu que pouco lhe importa: "Isso não vai  mudar nada, não fará regressar a minha filha, ela partiu para sempre". 

O atleta, de 27 anos, foi hoje declarado culpado do homicídio involuntário  da sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, de 29 anos, que foi abatida a  tiro no dia 14 de fevereiro de 2013. 

O veredito considera provado que naquele dia o atleta disparou intencionalmente  através da porta da casa de banho da sua habitação em Pretória, mas sem  a intenção de matar a pessoa que se encontrava no local. 

O tribunal aceitou assim em parte a versão dos factos do acusado, que  assegura que disparou em pânico, pensando que se tratava de um ladrão que  tinha entrado em sua casa, recusando a alegação do atleta de que premiu  o gatilho acidentalmente. 

Pistorius enfrenta agora uma pena máxima de 15 anos de prisão, segundo  a agência noticiosa espanhola EFE.  

A procuradoria sul-africana, que tinha pedido a condenação de Pistorius  por homicídio premeditado, declarou-se hoje desiludida com o veredito e  admitiu a possibilidade de recorrer, mas apenas depois de ser conhecida  a sentença. 

A família do campeão paraolímpico, por seu turno, agradeceu à justiça  ter afastado a acusação de homicídio intencional. 

"Sempre conhecemos os factos e nunca duvidámos da versão de Oscar sobre  este trágico acidente", declarou Arnold Pistorius, tio do atleta, lendo  um comunicado à saída do tribunal. 

Lusa