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Familiares dos estudantes desaparecidos pedem ao Governo do México para intensificar buscas

As famílias dos 43 estudantes desaparecidos no México pediram hoje ao Governo para intensificar as buscas dos jovens, com paradeiro desconhecido desde 26 de setembro, após a sua detenção por polícias em Iguala (sul). 

© Tomas Bravo / Reuters

Em conferência de imprensa convocada pela Amnistia Internacional (AI), os familiares referiram que as investigações não estão a ser conduzidas de forma adequada e que o Governo está a tentar desviar a atenção em direção ao crime organizado, quando todos os testemunhos indicam que os jovens foram atacados e detidos por polícias.

"Pedimos ao Governo federal que intervenha e inicie uma busca dos jovens em toda a região norte que corresponde a Iguala. Sabemos que os jovens estão aí e essa é a exigência, uma busca intensiva", afirmou Melitón Ortega, familiar de um dos desaparecidos.

Ortega compareceu na conferência de imprensa com outro familiar e um representante dos alunos da Escola Normal de Ayotzinapa para exigir a presença "com vida" dos 43 jovens desaparecidos em Iguala, Estado de Guerrero (sul do México), e denunciar a "inexistência de uma investigação séria" por parte do Governo estatal.

Em nome dos familiares, pediu ainda "atenção" e "reparação de danos" para os que permanecem hospitalizados, segurança para as suas famílias e que o Governo "faça justiça e castigue os responsáveis" dos ataques contra os estudantes em 26 de setembro passado, com um balanço de seis mortos e dezenas de feridos, para além dos desaparecidos.

Numa referência às valas comuns detetadas numa colina de Iguala, com pelo menos 28 corpos, Ortega disse em representação das famílias não acreditar que sejam os seus filhos, devendo-se concentrar todos os esforços para os encontrar vivos.

Uma equipa de forenses argentinos já se encontra no México para colaborar na identificação dos 28 corpos descobertos na região.

Na conferência de imprensa esteve presente um estudante vítima da vaga de ataques em 26 de setembro, que insistiu na intenção das autoridades em "fazer crer à população" que a delinquência organizada é responsável pelas mortes e desaparecimentos dessa noite.

"No México assassinam-se extrajudicialmente estudantes" e "atribuímos ao Estado o desaparecimento forçado dos nossos companheiros", afirmou Omar García.

Na sequência destes acontecimentos já foram detidas mais de 30 pessoas, incluindo 22 polícias municipais e presumíveis membros do grupo criminal "Guerreros Unidos", que surgiu em 2011 após uma cisão no cartel de narcotráfico dos irmãos Beltrán Leyva.

Em paralelo, os protestos pela tragédia de Iguala estão a alastrar por todo o país, enquanto centenas de milicianos de autodefesa se deslocaram para Iguala e iniciaram as suas próprias buscas, à margem das forças de segurança federais.

Para hoje, está prevista uma grande concentração na Cidade do México, a capital federal, e quando grupos de estudantes começavam a bloquear estradas e a invadir refinarias, aeroportos, estabelecimentos comerciais e edifícios estatais e federais por todo o país em protesto pelo desaparecimento dos seus companheiros.

 

LUSA