De acordo com o boletim publicado hoje à tarde por aquela organização e pela Associação dos Parlamentares Europeus para a Africa (AWEPA), os membros da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) argumentaram que as urnas das assembleias de voto em Chicabula-Diwa, Chiandame e Gumbacere, distrito de Tsangano, passaram pelas casas de líderes comunitários, antes das eleições gerais que hoje decorreram, onde terão sido enchidas com boletins de voto já marcados.
Segundo o boletim do CIP e da Awepa, houve confrontos entre Polícia da República de Moçambique (PRM) e a população, que resultaram na detenção de 11 indivíduos, cinco em Chicambula e seis em Chiandame, e dois feridos.
As escolas onde decorria a votação foram encerradas, informou o boletim sobre o processo político em Moçambique e que conta com uma rede de 150 jornalistas, dando ainda conta de um agente da polícia que fugiu dos tumultos em Gumbacere e deixou para trás uma arma AKM.
Noutro incidente no dia eleitoral em Moçambique, em Nampula, capital do maior círculo eleitoral do país, um homem foi apanhado a tentar introduzir boletins de voto marcados a favor do candidato presidencial da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Filipe Nyusi, denunciou um membro do MDM (Movimento Democrático de Moçambique).
"Quando ele chegou aqui nem quis ir para a bicha, por isso nós desconfiámos, porque ele não tinha nenhum crachá que o identificasse como alguém com direito a voto especial", descreveu à Lusa o membro do terceiro maior partido moçambicano, acrescentando que o homem conseguiu fugir.
Na Beira, centro do país, a polícia moçambicana deteve hoje um homem suspeito de tentar introduzir seis urnas com boletins de voto num posto de votação.
Em declarações à Lusa, Joaquim Luís, um polícia comunitário no populoso bairro da Munhava, disse que o homem, não integrado no processo das eleições gerais e sem credenciais, apareceu com as urnas, desprovido de proteção policial, para colocar em determinadas mesas, o que levantou suspeita de um ilícito eleitoral.
"As urnas estavam no carro e ele ia descarregá-las e colocá-las nas salas. Chamou-nos a atenção o facto de a viatura com urnas e boletins não estar acompanhada por agentes da polícia", disse Joaquim Luis, que remeteu mais informações para a 2.ª esquadra local para investigação.
Daniel Macuácua, porta-voz do Comando da Polícia de Sofala, garantiu que se vai pronunciar sobre o caso, estando em averiguação a origem e a finalidade dos boletins entretanto apreendidos.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Comissão Nacional das Eleições disse que não se poderia referir a nenhum incidente em particular, justificando que ainda não está na posse dos órgãos eleitorais locais.
No geral, o processo correu bem, "tirando um incidente aqui e acolá", disse Paulo Cuinica, sem entrar em detalhes.
A maioria das 17 mil mesas de voto encerrou hoje às 18:00 locais (17:00 em Portugal), depois de mais de dez milhões de moçambicanos terem sido chamados para escolher um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.
No escrutínio, concorreram três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos políticos.
Lusa