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Membros da Renamo queimaram boletins de voto por suspeita de fraude

Membros da Renamo destruíram hoje material eleitoral em três assembleias de voto na província de Tete, noroeste de Moçambique, alegadamente por terem descoberto urnas contendo boletins de voto previamente preenchidos, informou o Centro de Integridade Pública (CIP).

A maioria das 17 mil mesas de voto encerrou hoje às 18:00 locais (17:00 em Portugal), depois de mais de dez milhões de moçambicanos terem sido chamados para escolher um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.
ANT\303\223NIO SILVA

De acordo com o boletim publicado hoje à tarde por aquela organização e pela Associação dos Parlamentares Europeus para a Africa (AWEPA), os membros da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) argumentaram que as urnas das assembleias de voto em Chicabula-Diwa, Chiandame e Gumbacere, distrito de Tsangano, passaram pelas casas de líderes comunitários, antes das eleições gerais que hoje decorreram, onde terão sido enchidas com boletins de voto já marcados.

Segundo o boletim do CIP e da Awepa, houve confrontos entre Polícia da República de Moçambique (PRM) e a população, que resultaram na detenção de 11 indivíduos, cinco em Chicambula e seis em Chiandame, e dois feridos.

As escolas onde decorria a votação foram encerradas, informou o boletim sobre o processo político em Moçambique e que conta com uma rede de 150 jornalistas, dando ainda conta de um agente da polícia que fugiu dos tumultos em Gumbacere e deixou para trás uma arma AKM.

Noutro incidente no dia eleitoral em Moçambique, em Nampula, capital do maior círculo eleitoral do país, um homem foi apanhado a tentar introduzir boletins de voto marcados a favor do candidato presidencial da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Filipe Nyusi, denunciou um membro do MDM (Movimento Democrático de Moçambique).

"Quando ele chegou aqui nem quis ir para a bicha, por isso nós desconfiámos, porque ele não tinha nenhum crachá que o identificasse como alguém com direito a voto especial", descreveu à Lusa o membro do terceiro maior partido moçambicano, acrescentando que o homem conseguiu fugir.

Na Beira, centro do país, a polícia moçambicana deteve hoje um homem suspeito de tentar introduzir seis urnas com boletins de voto num posto de votação.

Em declarações à Lusa, Joaquim Luís, um polícia comunitário no populoso bairro da Munhava, disse que o homem, não integrado no processo das eleições gerais e sem credenciais, apareceu com as urnas, desprovido de proteção policial, para colocar em determinadas mesas, o que levantou suspeita de um ilícito eleitoral.

"As urnas estavam no carro e ele ia descarregá-las e colocá-las nas salas. Chamou-nos a atenção o facto de a viatura com urnas e boletins não estar acompanhada por agentes da polícia", disse Joaquim Luis, que remeteu mais informações para a 2.ª esquadra local para investigação.

Daniel Macuácua, porta-voz do Comando da Polícia de Sofala, garantiu que se vai pronunciar sobre o caso, estando em averiguação a origem e a finalidade dos boletins entretanto apreendidos.

Contactado pela Lusa, o porta-voz da Comissão Nacional das Eleições disse que não se poderia referir a nenhum incidente em particular, justificando que ainda não está na posse dos órgãos eleitorais locais.

No geral, o processo correu bem, "tirando um incidente aqui e acolá", disse Paulo Cuinica, sem entrar em detalhes.

A maioria das 17 mil mesas de voto encerrou hoje às 18:00 locais (17:00 em Portugal), depois de mais de dez milhões de moçambicanos terem sido chamados para escolher um novo Presidente da República, 250 deputados da Assembleia da República e 811 membros das assembleias provinciais.

No escrutínio, concorreram três candidatos presidenciais e 30 coligações e partidos políticos.

 

 

 

 

 

Lusa