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Manifestantes incendeiam autarquia da cidade mexicana onde desapareceram 43 estudantes

Manifestantes incendiaram esta quarta-feira o edifício da Câmara Municipal de Iguala, sul do México, em protesto contra o desaparecimento de 43 estudantes, enquanto a procuradoria considerava o presidente da câmara local e sua mulher os "autores morais" da repressão.

Várias divisões da autarquia foram brutalmente vandalizadas.
© Jorge Lopez / Reuters
Alguns dos milhares de manifestantes irromperam no edifício que estava vazio e incendiaram parte das instalações, perante a ausência de forças policiais. 

Segundo as investigações da polícia federal, agentes policiais de dois municípios locais podem ser os principais responsáveis pelo desaparecimento de 43 estudantes em Iguala em 26 de setembro passado, e que se tinham deslocado a esta cidade provenientes de Ayotzinapa, também no Estado de Guerrero. 

Durante essa noite, agentes policiais atacaram as camionetas onde seguiam os estudantes de regresso à sua escola em Ayotzinapa e que se tinham deslocado a Iguala durante uma jornada de protesto. 

Após um primeiro ataque dos agentes policiais locais, foram mortos seis estudantes e outras 25 pessoas ficaram feridas. 

Na sequência destes acontecimentos, permanecem com paradeiro desconhecido o presidente da Câmara municipal de Iguala, José Luis Abarca, membro do Partido da Revolução Democrática (PRD), e sua mulher. O governador do Estado de Guerrero, Ángel Aguirre, que ainda permanece no cargo, é também membro destacado do PRD. 

Hoje, em conferência de imprensa, o procurador mexicano disse que José Abarca e sua mulher, María de los Ángeles Pineda, foram os autores intelectuais do desaparecimento dos 43 estudantes, há 26 dias. 

O procurador-geral, Jesús Murillo Karam, disse em conferência de imprensa que Abarco deu a ordem de atacar os estudantes, para evitar que interviessem num evento onde participava a sua mulher, na qualidade de presidente do organismo defensor da família em Iguala.  

Após a recente detenção do líder do cartel 'Guerreros Unidos' foi possível descobrir que o crime organizado estava totalmente infiltrado na câmara municipal de Iguala, que recebia do cartel de narcotraficantes entre dois e três milhões de pesos mensais (entre 115 mil e 174 mil euros), segundo o mesmo responsável. 

Lusa