Presidente do Burkina Faso decreta estado de emergência
O Presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré, decretou hoje o estado de emergência no país e dissolveu o governo, em reação a protestos em massa sem precedentes contra uma revisão constitucional desenhada para prolongar o mandato presidencial.
© Joe Penney / Reuters
Compaoré, que tomou a decisão, anunciada pelos media locais, depois de uma reunião do conselho de ministros do Burkina Faso, disse que está disposto a negociar com a oposição e que o general do exército Gilbert Diendere foi encarregado de restabelecer a ordem.
A declaração do estado de emergência produz a transferência de poderes das autoridades civis para as autoridades militares, que passam a poder suspender os direitos civis e a reprimir protestos.
Os protestos contra Blaise Compaoré, que tomou o poder em 1987 com um golpe de Estado, eclodiram na terça-feira quando centenas de milhares de pessoas se manifestaram nas ruas da capital, Ouagadougou, unidas na palavra de ordem "Vinte e sete anos é suficiente".
Hoje, as manifestações alastraram a outras cidades do Burkina Faso, e degeneraram em violência em Ouagadougou quando centenas de pessoas tomaram de assalto e incendiaram o parlamento, que se preparava para votar a emenda constitucional que iria perpetuar Compaoré no poder.
De acordo com agências internacionais, manifestantes tomaram de assalto também a televisão e a rádio públicas, obrigando à suspensão das emissões, incendiaram as residências de vários ministros e saquearam lojas.
Perante a violência, o governo anulou o debate e votação da emenda constitucional e apelou para a "calma e contenção" da população.
A figura da limitação de mandatos presidenciais que Blaise Compaoré pretende agora eliminar foi introduzida na constituição do Burkina Faso em 2005.
Desde a independência em 1960 até à tomada do poder por Blaise Compaoré, o Burkina Faso, antes denominado Alto Volta, viveu uma sucessão de golpes de Estado.
Blaise Compaoré subiu ao poder quando tinha 36 anos, após um golpe de Estado contra o seu ex-aliado Thomas Sankara, que era na altura primeiro-ministro.
Lusa