Human Rights Watch insta à retirada de apoio ao tribunal internacional do Camboja
A Human Rights Watch instou hoje a ONU a retirar o apoio ao tribunal internacional do Camboja que julga os Khmer Vermelhos, caso prossigam as intromissões do Governo, liderado por ex-membros do regime.
© Damir Sagolj / Reuters
"A recusa do Governo cambojano em cooperar para colocar perante o tribunal, apoiado pela ONU, os líderes dos Khmer Vermelhos é a última gota, depois de anos de obstruções, atrasos e corrupção", disse o diretor para a Ásia da Human Rights Watch (HRW), Brad Adams, em comunicado que recorda também que a ação dos Khmer provocou 1,7 milhões de mortos.
O juiz Mark Harmon apresentou no início do mês acusações de rebeldia contra dois membros dos Khmer Vermelhos, depois de o seu homólogo cambojano se recusar a encaminhar o caso para a polícia.
Segunda a HRW, esta situação deve-se à política de "não cooperação" instigada pelo primeiro-ministro Hun Sen que, em fevereiro, alertou para o risco de uma nova guerra civil caso o tribunal insistisse em abrir novos processos contra ex-membros dos Khmer Vermelhos.
Hun Sen foi chefe dos Khmer Vermelhos, mas desertou de modo a fugir das purgas políticas, unindo-se à ofensiva liderada pelo Vietname que derrubou o regime encabeçado por Pol Pot em 1979.
Desde que começou a funcionar, em 2006, o tribunal já custou 205 milhões de dólares (190 milhões de euros) e, até ao momento, emitiu duas sentenças, uma contra o ex-diretor da prisão S-21 Keing Guek Eav, conhecido como Duch, e outra contra o ex-chefe de Estado Khieu Samphan e o número dois da organização Nuon Chea.
Todos foram condenados a prisão perpétua - Keing Guek Eav pela responsabilidade na tortura e assassinato de 17.000 pessoas e Khieu Samphan e Nuon Chea por crimes contra a humanidade.