"Dois camiões com bens alimentares e outros dois com cobertores entraram em Madaya às 17:00 locais (15:00 em Lisboa)", afirmou, em declarações à agência francesa AFP, um responsável do Crescente Vermelho Árabe Sírio (SARC), organização federada com a Cruz Vermelha Internacional.
Esta ajuda, que também inclui medicamentos e material cirúrgico, era aguardada com grande expectativa pelos 42 mil habitantes desta cidade localizada a 40 quilómetros a oeste da capital síria de Damasco, cercada pelas forças do regime de Bashar al-Assad há seis meses.
As informações sobre casos de fome e carências alimentares nesta cidade provocaram um clamor internacional e obrigaram o regime sírio a autorizar o acesso à localidade.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) relatou que pelo menos 28 pessoas morreram de fome em Madaya desde o passado dia 01 de dezembro.
Esta operação humanitária coordenada pelo Crescente Vermelho sírio e a Cruz Vermelha também vai abranger duas localidades xiitas, Foua e Kafraya, que estão cercadas pelas forças rebeldes na província de Idleb (noroeste da Síria).
"Existem cerca de 50 camiões com o símbolo do Crescente Vermelho sírio a caminho de Madaya e outros 21" para Foua e Kafraya, referiu à AFP um porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR), Pawel Krzysiek, em Damasco, momentos antes da divulgação da entrada dos primeiros camiões em Madaya.
A organização desta operação foi extremamente complexa e envolveu várias entidades sírias e internacionais.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU forneceu bens alimentares, nomeadamente leite para as crianças, enquanto o CICR deu medicamentos em quantidade suficiente para três meses e material cirúrgico para tratar dos feridos e cobertores.
Nos últimos dias, fotografias e vídeos que mostraram crianças subnutridas e muito magras em Madaya foram publicadas nas redes sociais.
Os apoiantes do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, negaram a gravidade da situação e afirmaram que as imagens tinham sido manipuladas.
A cidade de Madaya é "uma prisão a céu aberto" para quase metade dos seus habitantes, afirmou na sexta-feira o diretor de operações dos MSF, Brice de le Vingne.
"Não há nenhuma maneira de entrar ou sair, apenas morrer", frisou o representante.
Segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH), e em comparação com Madaya, a situação é menos dramática em Foua e Kafraya, onde a aviação do regime tem largado bens alimentares.
A coluna para estas duas cidades, situadas a 325 quilómetros de Damasco, deve atravessar territórios controlados por forças opostas.
A última vez que colunas humanitárias chegaram às cidades rebeldes de Madaya e de Zabadani, bem como às localidades de Foua e de Kafraya, foi no passado dia 18 de outubro.
O Conselho de Segurança da ONU deve abordar hoje em Nova Iorque a situação nestas cidades sírias durante as consultas à porta fechada, mas não é aguardada qualquer decisão.
Lusa