Em abril de 2010, o antigo bispo de Bruges Roger Vangheluwe confessou ter abusado de dois sobrinhos e apresentou a demissão. Esta confissão desencadeou a apresentação de milhares de testemunhos sobre abusos sexuais cometidos por padres ou membros das congregações religiosas ao longo de décadas na Bélgica.
Acusada de ter mantido o silêncio sobre os crimes e confrontada com uma crise, a Igreja decidiu, no início de 2012, apostar na transparência e convidou as vítimas a apresentarem-se através de dez "pontos de contacto", comprometendo-se num processo de indemnização.
Em 2012, 286 pessoas apresentaram-se num destes pontos de contacto. Em 2013, eram 37 e em 2014-2015, 95.
Ao todo, 418 "comunicações" no período 2012-2015, disseram, em conferência de imprensa, o bispo de Tournai (oeste), Guy Harpigny, e de Antuérpia (norte), Johan Bonny, na apresentação de um novo relatório anual das iniciativas da Igreja neste domínio.
As alegadas vítimas são, de um modo geral, relativamente idosas - 87% tinham mais de 40 anos e 41% mais de 60 - e 71% eram do sexo masculino. Os factos denunciados ocorreram há mais de 30 anos, em 80% dos casos.
Na altura dos factos, 89% das alegadas vítimas tinham menos de 18 anos e 23% menos de dez.
Os dois bispos pediram a outras eventuais vítimas "para se manifestarem" e "acabar com o tabu".
Lusa