"Saúdo esta trégua mas não estou muito otimista que possa ser respeitada por todas as partes", referiu em Ancara o vice-primeiro-ministro Numan Kurtulmus.
O mesmo responsável avisou ainda que a Turquia iria prosseguir os bombardeamentos sobre as posições da milícia curda síria Unidades de Proteção do Povo (YPG, o braço armado do Partido da União Democrática [PYD], principal formação política dos curdos da Síria), como sucedeu durante vários dias na passada semana.
Kurtulmus disse ainda que a Turquia continuará "se necessário" a responder a eventuais bombardeamentos provenientes de território sírio na região da fronteira comum e mesmo após a entrada em vigor da trégua, anunciada para sábado.
"A Turquia defenderá a sua integridade territorial. Isso é claro", acrescentou.
A Turquia tem manifestado profunda inquietação pelos avanços das forças do YPG, receando que pretendam a formação de uma região autónima curda junto às suas fronteiras.
Ancara considera o YPG e o PYD como o "ramo sírio" do ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que desde 1984 promove uma rebelião pela autonomia nas regiões do sudeste da Turquia com maioria de população curda.
Acusa ainda as forças curdas sírias de colaborarem com a Rússia no conflito da Síria, e quando Moscovo se continua a opor ao afastamento do Presidente Bashar al-Assad, o principal objetivo estratégico de Ancara.
Kurtulmus disse manter "reservas" sobre a viabilidade do cessar-fogo e receia que a Rússia prossiga os seus bombardeamentos aéreos na Síria.
"Esperamos que ninguém tente efetuar ataques aéreos e que ninguém provoque mortes civis durante o cessar-fogo", disse, acrescentando desejar que "todos os grupos na Síria, incluindo a oposição moderada, participem na reconstrução do país no final das negociações".
O acordo de cessar-fogo foi anunciado segunda-feira por Moscovo e Washington, mas não se aplica ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) nem à Frente al-Nursa, filiada na Al-Qaida.
A Turquia, que acolhe no seu território 2,7 milhões de refugiados, tem apoiado as forças rebeldes sírias que tentam derrubar Assad e rejeitado repetidamente as acusações sobre o envio de armamento através da sua fronteira para os combatentes islamitas.
Lusa