"Agora em Al Waer (província de Homs) estão 75 mil pessoas. É, provavelmente, a localidade em pior situação nutricional de todas as áreas cercadas. Temos de chegar a Al Waer nos próximos dias", declarou Jan Egeland, o responsável da equipa das Nações Unidas que coordena as vias de acesso para a entrega de ajuda.
As Nações Unidas calculam que cerca de 592 mil pessoas vivem em áreas sitiadas, um aumento que Egeland atribuiu a reavaliações da situação feitas recentemente, na sequência de melhorias no acesso de ajuda humanitária à Síria.
Das 19 localidades sitiadas, a ONU conseguiu desde o início do ano fazer chegar ajuda humanitária a 14, através da Cruz Vermelha Síria e da Cruz Vermelha Internacional.
Nos pontos menos positivos, Egeland revelou que a entrega de alimentos na localidade de Daraya, nos arredores de Damasco, já não se realizará na data prevista, sexta-feira. Na quarta-feira chegou a Daraya - onde vivem cerca de 4 mil civis - uma coluna de camiões com material médico, pelo que se esperava que a coluna com alimentos pudesse chegar na sexta.
Daraya encontra-se numa área controlada pelos rebeldes e não recebe qualquer tipo de ajuda humanitária desde 2012, entre outros motivos porque o Governo sírio não autorizava a entrada de camiões na zona.
Egeland adiantou que os avanços recentes em Daraya se deveram à intervenção da Rússia junto das autoridades de Damasco, que agora autorizaram a passagem de vacinas, artigos médicos para crianças, nutrientes e leite em pó para bebés.
Em termos gerais, Egeland considerou que maio foi um "mês muito mau" no que toca ao acesso humanitário na Síria.
"Chegamos a poucos lugares, a menos gente do que em abril e março... a um quarto das pessoas às quais tínhamos previsto chegar", disse Egeland.
A expectativa da ONU é chegar "numa questão de dias" a 11 localidades sob cerco militar, incluindo Daraya e cinco localidades nos arredores de Damasco.
Na mesma conferência de imprensa, o enviado especial adjunto da ONU para a Síria, Ramzy Ramzy, descartou que esteja para breve o início de operações aéreas para lançar em paraquedas ajuda humanitária.
"Não é iminente. Ainda não foi concluída uma avaliação [sobre essa medida]", a cargo do Programa Alimentar Mundial, o braço logístico da ONU nas questões humanitárias, explicou Ramzy.
O mesmo responsável recordou que o lançamento de ajuda pelo ar constitui uma opção muito mais custosa, complicada e perigosa do que as colunas de camiões, mas que é apoiada pela comunidade internacional caso a via terrestre esteja completamente fechada.
Lusa