"O acusado é condenado a cinco anos de prisão por cumplicidade na morte de 170 mil pessoas", indicou o tribunal de Detmold. "Ele sabia que em Auschwitz pessoas inocentes estavam a ser assassinadas todos os dias nas câmaras de gás", acrescentou o tribunal.
A acusação tinha pedido seis anos de prisão por considerar que, na sua qualidade de guarda prisional em Auschwitz, Reinhold Hanning era plenamente consciente e cúmplice dos assassinatos aí cometidos.
A defesa pediu a absolvição, com o argumento de que Hanning nem torturou nem participou diretamente nos assassinatos, além de que não consta que tenha servido na "rampa da morte" ou na seleção dos presos destinados à câmara de gás.
"Sinceramente arrependido"
Ouvido em tribunal a 29 de abril, Reinhold Hanning afirmou estar "sinceramente arrependido".
"Tenho vergonha de ter deixado esta injustiça acontecer e de nada ter feito para o impedir. Estou sinceramente arrependido", declarou no tribunal de Detmold, onde está a ser julgado desde 11 de fevereiro.
Jovem operário recrutado aos 18 anos pelas Waffen SS (força militar do partido nazi de Adolf Hitler), Hanning combateu nos Balcãs e na frente russa antes de ser transferido, no início de 1942, para Auschwitz. Colocado no campo de concentração de base Auschwitz-I, também fiscalizava a zona do cais de chegada de Birkenau (Auschwitz-II).
No 13º dia do seu julgamento, durante o qual manteve sempre silêncio, Hanning lamentou ter pertencido a uma organização responsável pela morte de incontáveis famílias e inocentes.
Antes, os seus advogados tinham lido um texto de 23 páginas sobre a juventude e o envolvimento do seu cliente, no qual ele reconhece ter tido conhecimento dos assassínios em massa realizados em Auschwitz. O texto retrata igualmente um acusado apolítico que nada pode fazer contra a sua incorporação nas SS.
"Auschwitz foi um pesadelo. Gostaria de nunca lá ter estado", conclui o texto.