"As violações dos Direitos Humanos não vão desaparecer se um Governo bloqueia o acesso a observadores internacionais e depois investe numa campanha de relações públicas para compensar a publicidade não desejada. Muito pelo contrário (...) levantam uma pergunta óbvia: Que estarão a esconder?", disse.
Zeid Ra'ad Al Hussein falava na 33.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, durante a qual citou a Venezuela como um "dos países que adotam essa atitude" e especificou, segundo um comunicado publicado na página daquele organismo na Internet, atrasos irracionais e negociações prolongadas sem justificação, que são condenadas.
"Nos últimos dos anos e meio, a Venezuela tem-se recusado inclusive a emitir um visto ao meu representante regional. A sua prolongada recusa de acesso ao nosso pessoal é particularmente surpreendente à luz de graves preocupações com relação a acusações de repressão de vozes da oposição e de grupos da sociedade civil, de detenções arbitrárias, uso excessivo da força contra manifestações pacíficas, entre outras coisas", declarou.
Perante representantes de 190 Estados-membros, o alto comissionado lamentou que alguns Governos justifiquem a falta de cooperação em matéria de direitos humanos, dizendo que estariam a ser usados como pretexto para intervir nos assuntos soberanos das Nações.
Por outro lado, acusou a República Dominicana de se recusar a cooperar para monitorizar as "deportações forçadas de pessoas para o Haití" e a suspensão da nacionalidade dominicana a descendentes de imigrantes haitianos.
Questionou também os Estados Unidos por não aceitar o ingresso do relator especial sobre casos de tortura em Guantánamo e em permitir-lhe fazer entrevistas confidenciais.
"As táticas evasivas das autoridades norte-americanas, com pedidos segundo os mandados internacionais de Direitos Humanos, são profundamente lamentáveis", disse.
Segundo Zeid Ra'ad Al Hussein, a China é um caso extremo "de 11 anos em que as solicitudes não conseguiram um compromisso concreto" e há falta de cooperação também na Coreia do Norte, Irão, Israel e outras nações da África e do Médio Oriente.
Lusa