O Glaciar Smith, a derramar no Mar de Amundsen, perdeu mais de 70 metros por ano entre 2002 e 2009, segundo o estudo, baseado em dados recolhidos pela NASA durante observações aéreas.
"Se tivesse usado dados de apenas um instrumento, não teria acreditado no que estava a ver", disse o autor principal, Ala Khazender, investigador no "Jet Propulsion Laboratory" da NASA.
Radares com capacidade para penetrar o gelo e tecnologia laser obtiveram o mesmo resultado, relatou na "Nature Communications".
Após 2009, o Smith continuou a perder massa, embora a um ritmo ligeiramente mais lento, disse Khazendar à agência France Presse.
Estudos anteriores com recurso a técnicas menos precisas, indicaram que duas plataformas de gelo que sustêm o glaciar perderam cerca de 12 metros em espessura em cada ano, durante o mesmo período.
A barreira oceânica de glaciares é constituída por densos blocos de gelo que se deslocam de terra, puxados pela gravidade e pelo seu próprio peso para o mar.
Grandes plataformas de gelo, com mais de dois quilómetros, flutuam na água.
Os glaciares do Oeste da Antártida e de Gronelândia têm capacidade para fazer subir o nível do mar em vários metros, submergindo cidades e deltas de rios onde vivem centenas de milhões de pessoas.
Mas a localização exata e a velocidade a que o gelo se desloca está em debate.
As dinâmicas de movimento -- e como podem variar de um glaciar para outro -- ainda continuam pouco entendidas.
As descobertas fornecem novas evidências de que o aquecimento da água do mar está a surtir efeitos sob alguns glaciares da Antártida, especialmente nos limites em que se encontram com o Oceano, mais depressa do que antes, afirmou o especialista.
Mas também mostram que os blocos de gelo têm cada um o seu perfil.
Durante o período 2002-2009, por exemplo, os glaciares Pope e Kohler -- em ambos os lados do Smith -- manifestaram comportamentos diferentes, ao recuar mais lentamente, no primeiro caso, e avançar um pouco, no segundo.
"Os glaciares na mesma área podem ter comportamentos diferentes", acrescentou Khazendar.
"A interação de fatores é complexa, ainda temos muito para apender", admitiu o investigador.
Lusa