Mundo

Lojas de várias cidades venezuelanas deixaram de receber notas de 100 bolívares

Dezenas de lojas de várias cidades da Venezuela tinham esta segunda-feira letreiros nas portas informando os clientes que não aceitam notas de 100 bolívares (0,15 euros), as de maior denominação existentes no país.

Lojas de várias cidades venezuelanas deixaram de receber notas de 100 bolívares
© Carlos Eduardo Ramirez / Reut

A reação dos comerciantes surge depois de o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenar, no domingo, que as notas de 100 bolívares sejam retiradas de circulação, para, alegadamente combater máfias internacionais que estariam a armazenar aquelas notas, para desestabilizar a economia venezuelana.

Em Caracas multiplicaram-se as queixas de que a medida foi apressada e não dá tempo suficiente à população para se dirigir aos bancos e trocar as notas por outras de menor valor.

José Caires, lusodescendente de 25 anos disse à Lusa que a situação está ainda a ser agravada por hoje ser feriado bancário na Venezuela, "mas estabelecimentos comerciais e motoristas de autocarros recusam-se a receber as notas atuais".

Vários comerciantes disseram à Agência Lusa que para poderem fazer vendas estavam a receber as notas de 100 bolívares porque os terminais de pagamento eletrónico estão com problemas de funcionamento e não permitem a utilização de cartões de crédito.

A aliança de partidos da oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) acusou Nicolás Maduro de "afundar o país" e de atuar como uma "máfia" para combater as alegadas máfias que atacam a economia venezuelana, sem ter em conta que "são os pobres os que mais dependem de dinheiro em numerário".

O porta-voz da MUD, Jesus Torrealba, disse a jornalistas que houve falhas nos multibancos e nos terminais de pagamento, que os levantamentos foram limitados a 10.000 bolívares e que isso levou a que as pessoas guardassem notas para fazer as compras de natal, sendo surpreendidas pela medida.

Entretanto vários economistas advertiram sobre a possibilidade de "um colapso no sistema de pagamentos" na sequência de um anúncio "intempestivo, fugaz e precipitado" que deixou os utilizadores sem opções.

Segundo o Banco Central da Venezuela existem 6,1 mil milhões de notas de 100 bolívares em circulação na Venezuela.

Nicolás Maduro assegurou que a recolha de notas tem como propósito combater máfias que as armazenam ilegalmente, para desestabilizar a economia e acusou empresas colombianas, norte-americanas, europeias e asiáticas.

Lusa