A reação dos comerciantes surge depois de o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenar, no domingo, que as notas de 100 bolívares sejam retiradas de circulação, para, alegadamente combater máfias internacionais que estariam a armazenar aquelas notas, para desestabilizar a economia venezuelana.
Em Caracas multiplicaram-se as queixas de que a medida foi apressada e não dá tempo suficiente à população para se dirigir aos bancos e trocar as notas por outras de menor valor.
José Caires, lusodescendente de 25 anos disse à Lusa que a situação está ainda a ser agravada por hoje ser feriado bancário na Venezuela, "mas estabelecimentos comerciais e motoristas de autocarros recusam-se a receber as notas atuais".
Vários comerciantes disseram à Agência Lusa que para poderem fazer vendas estavam a receber as notas de 100 bolívares porque os terminais de pagamento eletrónico estão com problemas de funcionamento e não permitem a utilização de cartões de crédito.
A aliança de partidos da oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) acusou Nicolás Maduro de "afundar o país" e de atuar como uma "máfia" para combater as alegadas máfias que atacam a economia venezuelana, sem ter em conta que "são os pobres os que mais dependem de dinheiro em numerário".
O porta-voz da MUD, Jesus Torrealba, disse a jornalistas que houve falhas nos multibancos e nos terminais de pagamento, que os levantamentos foram limitados a 10.000 bolívares e que isso levou a que as pessoas guardassem notas para fazer as compras de natal, sendo surpreendidas pela medida.
Entretanto vários economistas advertiram sobre a possibilidade de "um colapso no sistema de pagamentos" na sequência de um anúncio "intempestivo, fugaz e precipitado" que deixou os utilizadores sem opções.
Segundo o Banco Central da Venezuela existem 6,1 mil milhões de notas de 100 bolívares em circulação na Venezuela.
Nicolás Maduro assegurou que a recolha de notas tem como propósito combater máfias que as armazenam ilegalmente, para desestabilizar a economia e acusou empresas colombianas, norte-americanas, europeias e asiáticas.
Lusa