"Manter 148 jornalistas na prisão e fechar 169 meios de comunicação social ao abrigo do estado de emergência mostra como a Turquia está a violar deliberadamente os princípios básicos dos Direitos Humanos e o estado de direito em democracia", disse Hugh Williamson, diretor da HRW na Europa e na Ásia.
Num relatório sobre o "silenciamento" dos meios de comunicação social turcos "críticos" do Governo, publicado hoje, a HRW detalha que estão a ser usadas várias estratégias para controlar os jornalistas.
Por um lado, a justiça processa e determina a prisão de jornalistas com base em acusações falsas de terrorismo ou de delitos contra o Estado.
A HRW também diz ter agressões físicas e ameaças a jornalistas e órgãos de comunicação social documentadas.
A repressão manifesta-se ainda em pressões para o despedimento de jornalistas e em ingerências na linha editorial.
Além disso, o Governo confisca ou fecha meios de comunicação social privados, restringe o acesso a sinais de transmissão audiovisual e fecha televisões privadas.
A HRW alerta que a repressão não se dirige só a meios de comunicação social alegadamente ligados ao movimento do religioso Fethullah Gülen, a quem o Governo turco acusa de estar por trás da tentativa de golpe de estado de julho.
O relatório da organização dá ainda detalhes sobre o acesso limitado de jornalistas a zonas do sudeste do país, e população maioritariamente curda, onde há confrontos entre o exército e o ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Jornalistas citados no relatório descrevem ameaças, detenções e maus-tratos por parte das forças de segurança turcas.
A organização pede ao Governo da Turquia para acabar com as detenções de jornalistas por causa daquilo que escrevem ou de alegas filiações partidárias.
O relatório foi feito com base em entrevistas a 61 jornalistas, editores, advogados e defensores da liberdade de imprensa, alguns deles presos.
"No passado, os jornalistas eram mortos na Turquia. Este Governo está a matar completamente o jornalismo", disse um dos entrevistados citados no documento.
Lusa