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Sobrinha de Marine Le Pen anuncia retirada da política

Marion Maréchal Le Pen, sobrinha da líder da extrema-direita francesa e uma das duas deputadas da Frente Nacional na Assembleia Nacional, anunciou que se retira da política temporariamente, uma saída que Marine Le Pen já disse "lamentar profundamente".

Sobrinha de Marine Le Pen anuncia retirada da política
Robert Pratta / Reuters

Marion Maréchal Le Pen, 27 anos, é considerada uma "estrela em ascensão" na Frente Nacional (FN) e uma das figuras mais importantes do partido no sudeste de França.

Numa carta publicada hoje por um jornal regional francês, o Dauphine Liberé, a deputada, neta do fundador da FN Jean-Marie Le Pen, justifica a decisão de não se candidatar a um novo mandato nas legislativas de 11 e 18 de junho com "razões pessoais e políticas".

"Perdi muito da minha filha nestes primeiros anos tão preciosos e ela sentiu muito a minha falta. É essencial poder dedicar-lhe mais tempo", escreveu.

Maréchal Le Pen disse que a decisão lhe provoca "desgosto", mas que pretende ter uma "experiência na vida civil", "por algum tempo", porque gosta "muito do mundo empresarial", no qual quer trabalhar.

"Penso que o tempo dos políticos desligados da realidade com décadas em cargos de eleição pertence ao passado", escreveu.

Marion Meréchal Le Pen precisa, no entanto, que "não renuncia definitivamente ao combate político": "Nunca poderia ficar indiferente ao sofrimento dos meus compatriotas".

Marine Le Pen reagiu ao anúncio da sobrinha afirmando que "lamenta profundamente", mas compreende: "Como dirigente política, lamento profundamente a decisão de Marion, mas como mãe compreendo-a", escreveu no Twitter.

Vários membros do partido consideraram, em declarações à agência France-Presse, que a saída da deputada pode significar "um tremor de terra".

Segundo essas fontes, a jovem é vista como decisiva para chamar à FN o eleitorado da direita tradicional que Marine Le Pen não conseguiu atrair para a segunda volta das presidenciais, em que foi derrotada por ampla margem pelo centrista Emmanuel Macron.

Na noite da derrota, no domingo, Marion Meréchal Le Pen admitiu ter sido "uma desilusão" e apelou para "uma reflexão" sobre a estratégia da tia.

A prestação de Marine Le Pen no debate televisivo com Macron foi criticada por muitos na FN e a sua legitimidade questionada, apesar de a candidata ter obtido mais de dez milhões de votos na segunda volta, um recorde.

Segundo o jornal Libération, a decisão de Maréchal Le Pen deve-se a divergências com a linha económica "esquerdista" defendida pelo vice-presidente do partido, Florian Philippot.

Marion Maréchal Le Pen, que se tornou em 2012 a deputada mais jovem de França, encarna a ala mais conservadora e católica da FN e está mais próxima das ideias políticas do avô do que das da tia.

Jean-Marie Le Pen, 88 anos, viu a decisão da neta como "uma deserção", se não há "uma razão gravíssima".

"Marion representava uma esperança de futuro para muitos militantes e eleitores da Frente Nacional. Espero que ainda possa refletir sobre a sua decisão [...] Se a minha opinião ainda vale alguma coisa para ela, digo-lhe: 'Não, não se abandona a linha da Frente'", disse, ao Le Figaro.