"Desde que assumi o cargo de diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA) há três anos e meio, tanto quanto me lembro, nunca fui ordenado a fazer algo ilegal, imoral, não ético ou inapropriado e, tanto quanto me lembro, durante o mesmo período, não me lembro de ter sido pressionado a fazê-lo", declarou Mike Rogers, durante uma audição no Comité dos Serviços de Inteligência do Senado (câmara alta do Congresso norte-americano), sem comentar especificamente as alegações relativas a Donald Trump.
Mike Rogers estava a responder a uma pergunta de um senador sobre se o atual Presidente dos Estados Unidos lhe teria pedido para interferir ou desvalorizar a investigação em curso da polícia federal norte-americana (FBI) sobre eventuais ingerências russas nas eleições presidenciais de 2016 e sobre alegados contactos com a campanha de Trump.
O diretor da NSA afirmou ainda que não irá falar publicamente sobre conversas que manteve com o Presidente.Também ouvido no Senado, Dan Coats, coordenador das várias agências de informações norte-americanas e que foi nomeado por Trump, declarou igualmente que "nunca sofreu pressão para interferir de qualquer forma para orientar politicamente os serviços de informação ou uma investigação em curso".
Coats também recusou falar sobre o conteúdo das conversas que manteve com Donald Trump.
Os dois responsáveis também não quiseram comentar informações divulgadas recentemente pelo jornal The Washington Post que davam conta que o Presidente teria exercido pressão sobre eles, em mais do que uma ocasião.
Uma das vezes, segundo o jornal, Trump teria pedido a estes responsáveis para desmentirem publicamente um eventual conluio entre a sua campanha e Moscovo para influenciar a eleição presidencial de novembro passado.
Numa segunda vez, referiu o The Washington Post, Trump teria pedido a Dan Coats para interferir junto a James Comey, na altura ainda diretor do FBI, para que a polícia federal abandonasse o inquérito sobre o ex-conselheiro de segurança nacional Michael Flynn, acusado de mentir sobre contactos com responsáveis russos e uma das figuras centrais do dossiê russo.
Durante a sua intervenção, Dan Coats referiu o facto de a audição ser pública, dando a entender que poderia falar sobre estes assuntos aos legisladores, mas à porta fechada.
"Quando se discute sobre questões dos serviços de inteligência ou sobre outro qualquer assunto" com o Presidente, "sinto que é inadequado falar sobre isso em público", declarou Coats.
Estas audições ocorrem na véspera da muito aguardada audição de James Comey no Comité dos Serviços de Inteligência do Senado, que está a investigar a alegada ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016.
Na audição de quinta-feira, que terá uma parte pública, é expectável que James Comey seja questionado sobre um presumível conluio entre os membros da equipa da campanha presidencial de Donald Trump e as autoridades russas.O início da audição está previsto para as 10h00 locais (15h00 em Lisboa).
Esta audição será seguida de uma outra audição, à porta fechada, diante dos 15 membros republicanos e democratas que compõem o comité, que estão abrangidos pelo dever de sigilo.
Comey foi demitido de forma repentina, a 9 de maio, numa altura em que estava a supervisionar uma investigação sobre os alegados contactos mantidos entre a campanha de Trump e a Rússia durante a corrida às presidenciais nos Estados Unidos.
O antigo diretor, que não prestou declarações públicas desde a sua demissão, será igualmente questionado pelos legisladores norte-americanos se Trump exerceu algum tipo de pressão sobre o FBI e a investigação sobre a Rússia.
Vários media norte-americanos revelaram que o Presidente teria pedido a Comey para terminar as investigações relacionadas com o seu ex-conselheiro de segurança nacional Michael Flynn.
Segundo notas pessoais escritas pelo ex-diretor do FBI, o pedido teria sido feito durante uma reunião na Casa Branca, em fevereiro.Trump nega qualquer interferência, bem como rejeita a ideia de um conluio com Moscovo.
Foi nomeado, entretanto, o ex-diretor do FBI Robert Mueller como procurador especial para supervisionar a investigação sobre a alegada interferência russa.Questionado sobre a audição de James Comey, Trump respondeu: "Desejo-lhe boa sorte".
Hoje, Donald Trump anunciou que vai nomear Christopher Wray, um advogado de 50 anos, para a direção do FBI.
Lusa