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Cidade palestiniana de Hebron declarada património da UNESCO

A cidade velha de Hebron, na Cisjordânia, ocupada por Israel, foi hoje declarada património mundial da UNESCO, pelo seu "valor universal excecional".

Cidade palestiniana de Hebron declarada património da UNESCO
Bernat Armangue / AP

Reunida hoje em Cracóvia (sul da Polónia), a Comissão de Património Mundial da Organização para a Educação, Ciência e Cultura da ONU decidiu, com 12 votos a favor, três contra e seis abstenções, declarar a cidade velha de Hebron, na Cisjordânia ocupada, "zona protegida" enquanto "local de valor universal excecional".

A classificação de Património Mundial é atribuída a locais considerados de importância única para o mundo e a humanidade e determina o estabelecimento de medidas que garantam a sua preservação.

Palestinianos saúdam decisão da UNESCO sobre Hebron, Israel fala de "vergonha"

A Autoridade Palestiniana saudou hoje "o êxito" que constitui a decisão da UNESCO de declarar Hebron "zona protegida" de "valor universal excecional", qualificada em contrapartida por Israel como "uma votação vergonhosa".

Para a Autoridade Palestiniana, que propôs a classificação de Hebron, a decisão é "uma vitória da batalha diplomática travada em todas as frentes, face às pressões israelitas e norte-americanas", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano.

Rula Maayah, ministra do Turismo palestiniana, afirmou por seu lado que a decisão é "histórica porque sublinha que Hebron" e a sua mesquita "pertencem historicamente ao povo palestiniano".

Para Israel, no entanto, a redação da decisão ignora os laços históricos do judaísmo com a cidade. Naftali Bennett, ministro da Educação de Israel, afirmou que "os laços judeus a Hebron são mais fortes que o vergonhoso voto na UNESCO".

Hebron tem uma população de cerca de 200.000 palestinianos e algumas centenas de colonos israelitas, instalados num enclave protegido por tropas de Israel e parcialmente inacessível aos palestinianos, perto do local sagrado que os judeus designam como Túmulo dos Patriarcas e os muçulmanos Mesquita de Ibrahim.

No local estão os túmulos de Abraão, "pai" das três religiões monoteístas, do filho Isaac e do neto Jacob, e das respetivas mulheres, Sara, Rebeca e Léa.

Nos tempos do rei Herodes foi construído um monumento quadrangular em volta do túmulo e, posteriormente, os muçulmanos construíram a Mesquita de Ibrahim, o nome árabe de Abraão.

Em meio século de ocupação israelita, Hebron tornou-se um local de conflito permanente.

Na época do mandato britânico da Palestina, a comunidade judia residente em Hebron foi obrigada a partir, após o massacre de 67 judeus de 23 e 24 de agosto de 1929.

Em 1994, um colono israelo-norte-americano, Baruch Goldstein, abriu fogo na Mesquita de Ibrahim matando 29 fiéis muçulmanos, acabando por ser espancado até à morte.

Atualmente, as lojas do mercado da cidade velha estão em grande parte vazias e as que não estão foram revestidas com redes para-as proteger, segundo os comerciantes, das garrafas e outros detritos lançados pelos colonos israelitas.

Os palestinianos consideram que o local está ameaçado devido a um "aumento alarmante" do vandalismo contra propriedades palestinianas na cidade velha, que atribuem aos colonos israelitas.

Com Lusa