Reunida hoje em Cracóvia (sul da Polónia), a Comissão de Património Mundial da Organização para a Educação, Ciência e Cultura da ONU decidiu, com 12 votos a favor, três contra e seis abstenções, declarar a cidade velha de Hebron, na Cisjordânia ocupada, "zona protegida" enquanto "local de valor universal excecional".
A classificação de Património Mundial é atribuída a locais considerados de importância única para o mundo e a humanidade e determina o estabelecimento de medidas que garantam a sua preservação.
Palestinianos saúdam decisão da UNESCO sobre Hebron, Israel fala de "vergonha"
A Autoridade Palestiniana saudou hoje "o êxito" que constitui a decisão da UNESCO de declarar Hebron "zona protegida" de "valor universal excecional", qualificada em contrapartida por Israel como "uma votação vergonhosa".
Para a Autoridade Palestiniana, que propôs a classificação de Hebron, a decisão é "uma vitória da batalha diplomática travada em todas as frentes, face às pressões israelitas e norte-americanas", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano.
Rula Maayah, ministra do Turismo palestiniana, afirmou por seu lado que a decisão é "histórica porque sublinha que Hebron" e a sua mesquita "pertencem historicamente ao povo palestiniano".
Para Israel, no entanto, a redação da decisão ignora os laços históricos do judaísmo com a cidade. Naftali Bennett, ministro da Educação de Israel, afirmou que "os laços judeus a Hebron são mais fortes que o vergonhoso voto na UNESCO".
Hebron tem uma população de cerca de 200.000 palestinianos e algumas centenas de colonos israelitas, instalados num enclave protegido por tropas de Israel e parcialmente inacessível aos palestinianos, perto do local sagrado que os judeus designam como Túmulo dos Patriarcas e os muçulmanos Mesquita de Ibrahim.
No local estão os túmulos de Abraão, "pai" das três religiões monoteístas, do filho Isaac e do neto Jacob, e das respetivas mulheres, Sara, Rebeca e Léa.
Nos tempos do rei Herodes foi construído um monumento quadrangular em volta do túmulo e, posteriormente, os muçulmanos construíram a Mesquita de Ibrahim, o nome árabe de Abraão.
Em meio século de ocupação israelita, Hebron tornou-se um local de conflito permanente.
Na época do mandato britânico da Palestina, a comunidade judia residente em Hebron foi obrigada a partir, após o massacre de 67 judeus de 23 e 24 de agosto de 1929.
Em 1994, um colono israelo-norte-americano, Baruch Goldstein, abriu fogo na Mesquita de Ibrahim matando 29 fiéis muçulmanos, acabando por ser espancado até à morte.
Atualmente, as lojas do mercado da cidade velha estão em grande parte vazias e as que não estão foram revestidas com redes para-as proteger, segundo os comerciantes, das garrafas e outros detritos lançados pelos colonos israelitas.
Os palestinianos consideram que o local está ameaçado devido a um "aumento alarmante" do vandalismo contra propriedades palestinianas na cidade velha, que atribuem aos colonos israelitas.
Com Lusa