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Venezuela expulsa encarregado de negócios do Peru em Caracas

O Governo da Venezuela anunciou, na sexta-feira, que vai expulsar o encarregado de negócios do Peru em Caracas, pouco depois de o Executivo peruano ter ordenado a expulsão de Lima do seu embaixador, Diego Alfredo Molero Bellavia.

Venezuela expulsa encarregado de negócios do Peru em Caracas
Ueslei Marcelino

"Em virtude da medida adotada pelo Governo do Peru, vemo-nos na lamentável obrigação de expulsar o encarregado de negócios do Peru na Venezuela", refere um comunicado da diplomacia venezuelana.

Caracas indicou que o representante peruano tem cinco dias para abandonar a Venezuela, os mesmos que foram dados ao embaixador venezuelano para sair do Peru.

A decisão do Peru surgiu na sequência do protesto diplomático apresentado pelo Governo de Caracas - que o Peru recusa aceitar por conter "termos inaceitáveis" - sobre a Declaração de Lima, subscrita na terça-feira por 17 países da região, a qual rejeita reconhecer a nova Assembleia Constituinte venezuelana.

A Declaração de Lima, que condena "a rutura da ordem democrática" na Venezuela e que entende serem "ilegítimos" os atos da recém-eleita Assembleia Constituinte, foi assinada, entre outros, pela Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá e Peru.Composta por 545 membros, todos próximos do Governo de Caracas, a Assembleia Constituinte foi eleita em 30 de julho, numas eleições boicotadas pela oposição que não participou então no processo por considerar que foi convocada de maneira ilegítima.

Estados Unidos e União Europeia também não reconhecem o novo órgão, que é presidido pela antiga ministra dos Negócios Estrangeiros Delcy Rodríguez, instalado no dia 4, sob denúncias de fraude eleitoral. A ação diplomática do Peru figura como a mais forte tomada até ao momento por um país da América Latina relativamente à Venezuela.

A ministra dos Negócios Estrangeiros das Honduras, María Dolores Agüero, disse na sexta-feira à agência noticiosa Efe que os seus homólogos americanos vão reunir-se em setembro, por ocasião da Assembleia-Geral da ONU, marcada para dia 20 desse mês, para avaliar a crise na Venezuela e pedir ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, um papel mais ativo na busca por uma solução.

A Venezuela encontra-se mergulhada numa grave crise política, sendo palco, desde o início de abril, de uma onda de protestos a favor e contra o Governo de Maduro, dos quais alguns resvalaram em violentos confrontos, que fizeram pelo menos 125 mortos.

Os protestos intensificaram-se a partir de 01 de maio precisamente quando o Presidente venezuelano convocou a eleição da Constituinte, com o principal objetivo de alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação.

Durante uma sessão especial do novo órgão, realizada na quinta-feira, Maduro submeteu o seu projeto de Constituição, o qual prevê penas de prisão de 15 a 25 anos para quem "exprimir ódio, intolerância e violência por razões culturais, políticas e ideológicas".

Lusa