"Durante anos, o Congresso falhou na reparação do nosso sistema de imigração. No entanto, tendo em conta o recente anúncio do Presidente, o Congresso tem agora de se unir nos próximos seis meses para alcançar uma solução legislativa", disse em comunicado o congressista republicano David Valadão.
Numa nota enviada à agência Lusa, Devin Nunes disse que "durante o mandato dos dois últimos Presidentes os líderes do governo falharam na resolução dos velhos desafios de imigração que o país enfrenta."
"Tenho votado repetidamente para garantir que aquelas pessoas que foram trazidas em criança não sejam injustamente penalizadas pelas ações dos seus pais", disse Devin Nunes, que em 2015 votou contra uma medida do seu partido que retirava financiamento para implementar o "Deferred Action for Childhood Arrivals" (DACA).
A Casa Branca anunciou na terça-feira que vai terminar de forma gradual com o programa que protege 800 mil jovens indocumentados que chegaram aos EUA quando eram crianças, dando um prazo de seis meses para o Congresso encontrar uma solução legal para as pessoas protegidas pelo programa.
"Espero que o Congresso atue de forma rápida, não apenas para encontrar uma solução para estas pessoas, mas também para implementar uma reforma imigratória essencial para que não continuemos a enfrentar este tipo de problemas", disse Devin Nunes.
Os republicanos Nunes e Valadão não criticaram a decisão do presidente Donald Trump, mas o democrata Jim Costa disse que "representava um significativo passo atrás, que ameaça a saída de quase 800 mil jovens imigrantes do país que chamam de sua casa."
O luso-americano disse que muitos destes jovens são estudantes e que, apenas no seu distrito, a universidade Fresno State acolhia 1000 estudantes com esta proteção e a universidade UC Merced outros 600.
"O Congresso tem de aprovar legislação que ofereça aos 'dreamers' proteções semelhantes ao DACA antes que estas sejam eliminadas. Peço à liderança da Câmara dos Representantes e do Senado que se juntem a mim num esforço bipartidário para passar a 'lei Bridge', que protegeria os 'dreamers' nos próximos três anos", disse Jim Costa.
Costa reconhece, no entanto, que esta medida "seria temporária e não de longo-prazo" e junta-se a Nunes e Valadão para pedir uma reforma mais abrangente que ofereça um estatuto legal permanente para estas pessoas.
Já na semana passada, David Valadão juntou-se a outros 10 congressistas republicanos e enviou uma carta ao presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, pedindo que coloque o tema na agenda do órgão legislativo.
Na terça-feira, Paul Ryan disse que apoia uma iniciativa legislativa nestes moldes. No entanto, com uma agenda preenchida este outono com o orçamento e a reforma fiscal, é difícil perceber quando é que Ryan convocaria um voto para esta medida.
"Vou continuar a lutar pelos 'dreamers'. A América é a única casa que estes jovens conhecem e vou fazer tudo em meu poder para garantir que aqueles que foram trazidos para os EUA, sem qualquer responsabilidade, não sejam injustamente castigados", disse Valadão.
Costa concluiu que a incapacidade de o Congresso fazer passar uma reforma "tem levado vários presidentes, tanto democratas como republicanos, a governar a política imigratória dos EUA através de medidas fragmentadas que muitas vezes se contradizem."
"Isto não é boa governação. É irresponsável, indefensável, e tem de acabar", disse o democrata.
O fim deste programa deverá afetar centenas de portugueses, segundo fontes da comunidade, embora as autoridades não divulguem dados sobre a nacionalidade dos que agora são afetados pela medida.
Lusa