Largas centenas de milhares de catalães irão apoiar a separação desta região de Espanha e a formação de um estado independente e soberano, dando o seu apoio à tentativa em curso de marcação de um referendo independentista vinculativo.
A "Diada", como é conhecido o dia que assinala a conquista de Barcelona pelo rei de Espanha Filipe V em 1714 depois de um cerco de 14 meses, é utilizada anualmente para defender a causa da independência com imagens que passam em todas as televisões do mundo de uma manifestação ordeira e de grandes dimensões.
Este ano tem como palavra de ordem "A Diada do Sim", uma alusão explícita ao sentido de voto em 1 de outubro, que já foi criticada por vários partidos que consideram ilegal a consulta popular. Fonte dos movimentos separatistas disse à agência Lusa que já há milhares de pessoas inscritas para participar na Diada deste ano e que já foram alugados pelo menos 1.500 autocarros para levar manifestantes para Barcelona a partir de todo o território da Catalunha.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu na quinta-feira, como medida cautelar, a lei aprovada no dia anterior pelo Parlamento da Catalunha que dava cobertura legal à realização, em 1 outubro, do referendo independentista nesta comunidade autónoma.
Os independentistas reclamam há muito tempo um referendo sobre a independência da Catalunha, em moldes semelhantes aos que foram realizados em Quebec (Canadá) ou Escócia (Reino Unido).
Em 2014, os independentistas organizaram uma "consulta simbólica" sob a forma de referendo não vinculativo na Catalunha, em que participaram 2,3 milhões de pessoas, oitenta por cento das quais se pronunciaram pela independência.
O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, sublinhou na quinta-feira que "a convocação de um referendo sobre a independência" pelos dirigentes catalães "representava um ato intolerável de desobediência às instituições democráticas".
Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma dimensão de um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.
Lusa